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Polícia X Polícia. Quem ganha?

Imaginem a cena.

O legendário Sun Tzu, protótipo do general invencível, ensina em “A arte da guerra” que, o comandante de exército que conhece o seu contingente e também o do adversário, tem maiores chances de vitória que aquele que desconhece um dos dois lados, ou seja o seu ou o outro. Já o que desconhece ambos os potenciais, perde a batalha com certeza.
Assim podemos ver acontecer com o Estado de Minas Gerais, bem como todo o Brasil, no que se refere à atitude em relação à segurança pública. Os agentes de segurança pública não são capazes de reconhecer entre um policial e um bandido. São mal treinados e não dispõem de equipamento adequado para trabalhar. Não se conhecem, nem são capazes de reconhecer o adversário. Estão fadados ao fracasso.
Em mais uma ocorrência pitoresca, digna de um pastelão mexicano em preto e branco, ou dos saudosos Três Patetas, experimentamos outra vez uma desinteligência entre policiais militares e civis, na qual os agentes da polícia judiciária, mal preparados que são, usando veículo sem identificação, sem algum tipo de identificação que os distinguísse, descem da viatura com armas em punho, em direção a um terceiro, que por sua vez, descera de uma moto e entrava em um estabelecimento comercial. Imaginem a cena.
Nada de errado para eles, policiais que acredito, estavam, mesmo que de forma inadequada, no cumprimento de seu dever. Mas para quem vê a cena pelo ângulo da sociedade vitimizada diariamente por assaltos e ainda, pelo ângulo de um policial militar cheio de disposição para defender a vida e o patrimônio de sua família, a história é bem diferente. Ora, o PM também estava em trajes civis e segundo algumas versões, já chegou atirando, o que é compreensível, a partir da sua convicção momentânea de que lidava com bandidos, mas parece ter contribuído para confundir os outros policiais, que devem ter ficado sem opção e sem entender o que acontecia. Imaginem de novo a cena.
Quem já participou de algum tipo de abordagem policial sabe que a situação é sempre tensa. O policial é uma pessoa sujeita à influência das emoções como qualquer outra pessoa. Aquilo deve ter sido um inferno, que só eles, os envolvidos, podem descrever.
Resumo da opereta: falta de preparo por parte de todos, gerando uma sequência de ações equivocadas, sem o uso das técnicas e dos recursos adequados para a execução das abordagens. Fizeram tudo errado e ainda mostraram ao povo que, quando o interesse é o corporativismo barato, conseguem encher a praça de viaturas e de policiais em poucos minutos. Os chefes dão entrevistas dizendo como sempre, que tudo será devidamente apurado e os culpados serão severamente punidos.
Felizmente os danos físicos foram menores, passíveis de reversão, ao contrário dos danos morais, psicológicos e outros, que não se pode medir de imediato, mas que deixam marcas profundas nesses homens e também na sociedade que os remunera. Pior é que as causas continuam e continuarão os efeitos. Não se trabalha na prevenção. Resta-nos esperar pelo próximo incidente e torcer para que não seja mais grave. Imaginem a cena...

O buril querendo brilhar mais que o ouro.

Queria poder dizer algo neste dia em que se propõe a exaltação da consciência negra. Queria poder relacionar nomes de personalidades brasileiras representantes da porção afro-descendente que compõe nossa sociedade.
Presenciamos recentemente, embora não seja novidade alguma, atitudes inadequadas por parte de pessoas que deveriam ser muito mais cautelosas em suas ações e palavras, que a grande maioria dos membros da sociedade, exatamente por se encontrarem ocupando cargos ou funções que os colocam em evidência, como formadores de opinião de um país inteiro.
Assim fala, quando fala, o senhor Edson Arantes do Nascimento, vulgo Pelé, cujas palavras não são dignas nem mesmo de comentário. Esse, por sua completa inutilidade, só é lembrado aqui, para exaltar o desperdício de oportunidade, já que espaço midiático é o que não lhe faltaria, se algo houvesse em sua consciência.
Assim vem agindo e parece fazer questão disso, uma das pessoas que tem se tornado sinônimo da falta de humildade, falta mesmo de consciência do espaço que deve ocupar como pessoa pública, antes de tudo.
Ora, se não for assim, que outros motivos teria o presidente do Supremo Tribunal Federal para, após nenhuma pressa por parte de todos os membros daquela côrte no julgamento da Ação Penal 470, o famoso caso do mensalão, emitir em pleno feriado, de forma apressada e mal feita, mandados de prisão contra os condenados?
Qual o motivo técnico, estratégico, ou o que seja, para mandar a Polícia Federal recolher todos os condenados em Brasília, de forma cinematográfica e espalhafatosa, gerando alto e desnecessário custo para o erário público? Mais que isso, gerando descontentamento, críticas internas e mais descrédito na Justiça.
Pois já circulam nas redes sociais, fotos do Ministro Joaquim Barbosa, ao lado do senador Aécio Neves e do governador de Minas, Antônio Anastasia. Dizem as más línguas que já se cogita a candidatura de Joaquim para o governo de Minas. Isso poderia explicar suas atitudes populistas, mas completamente inadequadas.
Joaquim e Edson, dois brasileiros que claramente desperdiçam a oportunidade de manifestar o exercício da consciência negra, da consciência cidadã, da consciência como tal. É uma pena tamanho desperdício, tanto orgulho, tanta vaidade.

Mensaleiros presos. O que comemorar?

Após oito anos de idas e vindas, chegamos perto de desanimar, de não crer mesmo que a sociedade brasileira lavaria sua honra, colocando atrás das grades alguns dos envolvidos no vergonhoso escândalo do mensalão. Pronto. Missão cumprida.
Uma ova... não somos tão inocentes, ao ponto de acreditar nesse drama, com data e hora marcados, com Juízes querendo aparecer mais que galã de novela, com presos se exibindo como se sua prisão fosse um troféu. Um ladrão descarado, condenado a quase 40 anos de prisão, desacatando policiais diante das câmeras, pra não perder a oportunidade de aparecer. A pirotecnia é tão ridícula, que um “manifestante” exibe um cartaz dizendo que não houve justiça, mas, “vingansa”. Assim mesmo, com s.
Ora, não podemos perder de vista o que essa enorme cortina de fumaça pretende ofuscar. Nem podemos nos deixar enganar pela aparente resolução do problema.
Então, o que temos de fato? A maioria dos ladrões continua à solta, podendo “trabalhar” durante o dia. Alguns até continuarão com cargos de deputado. Mais que isso, nosso dinheiro continua com eles. O dinheiro que surrupiaram, dos impostos injustos que somos obrigados a recolher, não foi retomado deles. Assim, na pior das hipóteses, o mensaleiro que recebeu a maior pena, não ficará mais que cinco anos preso, se ficar. E quando sair, rirá de nós e continuará gastando o dinheiro que desviou.
Dá pra entender o riso e a pose de vitoriosos deles, se entregando à Justiça debaixo de flashes e até de manifestações de apoio. Eles parecem comemorar. E nós?

Vitória no futebol, derrota na cidadania.




OK. Vamos parabenizar os jogadores do Cruzeiro Esporte Clube, que venceram o campeonato brasileiro de futebol de 2013.
Mas, o que devemos pensar e sentir, com a atitude dos animais travestidos de torcedores do mesmo Cruzeiro, que para comemorar o título, destruíram a Loja do Galo na Savassi, quebraram outras lojas, incendiaram motos na rua e destruíram o que acharam pela frente?
É assim que se comemora alguma vitória? E, que vitória é essa? O que aponta essa atitude agressiva, animalesca?
Vem apenas reafirmar nossa certeza de que não estamos exagerando, se afirmamos que nossa sociedade está apresentando um defeito grave e que requer reforma urgente.
Ontem mesmo comentei que estávamos numa pausa nas manifestações violentas que até poucos dias assolavam o país. Mordi a língua, pois, por muito menos que insatisfação com o governo, ou com empresas que maltratam animais, atos de vandalismo voltam à cena. E em que circunstâncias? Em comemoração a algo tão insignificante para a sociedade, como é uma vitória de campeonato de seja lá o que for. 
Mesmo que fosse significante, jamais justificaria a destruição do bem alheio, o vandalismo, a baderna. O que presenciamos é sim, a falta do conceito de certo e errado, ou a não crença nesses conceitos. Esses indivíduos não acreditam na sociedade em que vivem. Como porcos soltos na lama, se lambuzam até onde puderem, pela mera satisfação do instinto que busca o alívio de sua tensão animal, de sua fome irracional. Nem as mães deles conseguiriam, se lá estivessem, detê-los em sua fúria animalesca.
E estavam comemorando. Estavam alegres e felizes.  Imagine-os com raiva...

Utilidade ou vantagem?

Cipriano de Valera, ao traduzir o célebre texto de Calvino conhecido pelos presbiterianos como “As Institutas”, uma espécie de sistemática teológica que fundamenta o presbiterianismo, inicia sua introdução, isso em 1597, dizendo que “Dos puntos hai, que comunmente mueven á los hombres á preziar mucho una cosa: el primero es la exzelenzia de la cosa en si misma; el segundo, el provecho que rezebimos ó esperamos della”.
Ora, aquele Teólogo da Reforma traz uma intrigante observação sobre o modo como as pessoas se relacionam com as coisas, que certamente não mudou de lá pra cá.
Em relação a certas questões altamente relevantes em nossos dias, sejam elas, a redução da maioridade penal, a revisão do código eleitoral, ou a instalação de bloqueadores de telefones nas penitenciárias, precisamos entender os motivos que levam os nossos legisladores à completa estagnação, como se esses assuntos não fossem da maior importância e urgência.
Se não prezam tais temas com o devido cuidado, assim como deseja a grande maioria pensante da população, ou é porque não conseguem perceber o óbvio, ou porque não percebem algum lucro, alguma vantagem para si mesmos, em prover a sociedade de recursos mais modernos em tempo hábil, antes que mais prejuízos sejam contabilizados.
Então pergunto: porque o resto do mundo enxerga as coisas de uma forma que nossos administradores rejeitam? E mais: porque nosso povo insiste em manter no comando e na administração da coisa pública pessoas notadamente incapazes, ineficientes e de hábitos tão reprováveis?
Se convidássemos Sigmund Freud a responder estas duas perguntas, ele certamente diria que, enquanto não for mais vantajoso ser justo e honesto, não se poderá esperar que o homem o seja. O pai da Psicanálise foi quem também sustentou que nós somente nos submetemos à moral social por absoluta necessidade de permanecermos agrupados em sociedade. O ser humano em seu estado natural não tende à socialização, mas à realização de seus desejos "instintuais", assim como os cães e os símios. 
O futuro talvez nos remeta ao dilema dos porcos-espinhos de Schopenhauer. Morreremos no frio do já comprovado inviável individualismo, ou aprenderemos a suportar as espetadas dos nossos iguais, em busca do indispensável e vital calor dos relacionamentos?

Mais uma vez, o equilíbrio é a chave. No que se refere à escolha dos administradores de nossas coisas, precisamos aprender a discernir entre o utilitário e o vantajoso. Com isso, quero ressaltar que há grande diferença entre utilidade e vantagem. Mais ainda, há enorme diferença entre postura ética, baseada em princípios morais, que em relação à utilidade das coisas, as valora coletivamente, acima da vantagem que elas possam trazer individualmente.
 

Muitos direitos, nenhum respeito.

     Hoje de manhã, eu estava parado em um cruzamento na área hospitalar de BH. Quando abriu o sinal, ia arrancar meu carro, mas parei, pois um senhor de uns sessenta anos ou mais, atravessou a avenida lentamente, olhou pra mim, apontou para a faixa de pedestres, olhou para o chão e continuou sua lenta travessia. Pensei em mostrar para ele que o sinal estava fechado para os pedestres, mas, percebi que seria perda de tempo. Aquele senhor parecia se deliciar em usufruir da condição de "mais fraco protegido pela lei", ao ponto de não observar que estava contrariando a regulamentação de trânsito, pois  atravessava no sinal fechado. 
     Ontem mesmo, num cruzamento de grande movimento próximo de minha casa, parei no sinal, mas, como não havia trânsito, um sujeito começou a buzinar atrás, insistindo para que eu avançasse o sinal vermelho e deixasse a pista livre para ele. Gesticulou e falou palavrões ao passar por mim, que é claro, não arranquei antes da luz verde.
     Os dois fatos me incomodaram muito, ao ponto de me inspirar este desabafo. Mas isso aponta para algo muito maior e pior. Aponta para a crise de conceitos que sempre tenho trazido à reflexão dos que ainda tem paciência para me ler. O certo, o adequado, o justo, a alteridade, estão a cada dia fazendo menos sentido.
     Agora há pouco, vi um post com uma foto publicada no Estadão, onde alguns aposentados da Petrobras tiraram as roupas em frente ao Palácio do Planalto, em protesto a sei lá o que. Não consigo entender isso. Homens velhos, aposentados, que deveriam inspirar sobriedade, serenidade... Homens que deveriam servir de exemplo, se desvalorizam, se expõem de forma ridícula. É uma pena. Como querem ser respeitados?
     As pessoas descobriram que se fizerem barulho, a imprensa corre pra cima. Então, não calculam o resultado de seus atos. Apenas fazem qualquer coisa que chame a atenção. Observemos como isso tem acontecido aqui bem perto de nós. Todos os dias ouvimos que há uma manifestação, um protesto em algum ponto da cidade. Invadiram o terreno de uma empresa e querem a posse reconhecida pelo poder público. Para isso, fecham a 040, impedindo a passagem de milhares de trabalhadores na volta pra casa.
     Isso é justo? É direito? Não importa. Querem exercer seu direito de manifestar, de possuir bens, de ir aonde desejarem. Mas se esquecem do outro. Se esquecem do direito do outro. Nem pensam nisso.
     O motorista de ontem, o pedestre de hoje, os invasores, os vândalos destruidores, os manifestantes pelados e todo mundo, gatos no mesmo saco. Cada um pensando no seu direito. Nenhum lembrando do seu dever. O equilíbrio entre direito e dever que as leis deveriam proporcionar a uma sociedade organizada, está longe do nosso alcance. Isso me intriga e assusta.
 

 

Inversão de valores.

A inversão de valores neste país é muito interessante. Já não bastava os bandidos serem defendidos publicamente, em detrimento das vítimas indefesas.
Agora, as agências reguladoras, criadas pelo governo para defesa e proteção do consumidor, jogam no outro time. Olhem o que fez a Anatel, entrando na Justiça em defesa das empresas, contra o consumidor.

Da mesma forma, também invertendo valores, os dois senadores de Minas Gerais, que não aparecem no cenário político, nem apresentam propostas de utilidade pública, ou defesa dos direitos dos que os elegeram, se apressaram em pressionar o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), conseguindo, em menos de 24 horas, reverter punição aplicada ao Cruzeiro Esporte Clube, face ao tumulto provocado por duas torcidas organizadas do mesmo time, durante jogo contra o Atlético Mineiro.

Acontece que, em ambos os casos as vítimas acabam sendo revitimizadas.

No caso das operadoras de telefonia, a agência governamental criada para defender a parte mais frágil, nunca o faz, mas quando age, é exatamente em defesa das empresas. E ainda alegam que o fizeram a fim de evitar novos aumentos de preços.
O mesmo ocorre no caso dos dois senadores (Zezé Perrela e Aécio Neves), que não são vistos defendendo os interesses populares, mas correm em socorro a um grande clube. Esses não vão ter nem o que alegar. Ou vão? Só falta alegarem que a intervenção de dois senadores, forçando a reversão de sentença judicial já dada, seja coisa digna de aplauso.

Inversão de valores. Posturas completamente contrárias ao que se entende por adequado e defendidas exatamente por quem deveria evitá-las.

Precisamos reagir, urgentemente.