Weverton Duarte Araújo
Os antropólogos que talharam o termo aculturação percebiam os aspectos negativos de uma cultura se sobrepor a outra como podemos observar o que ocorre atualmente com a cultura brasileira. Não é necessário o menor esforço para sentir tais efeitos, nocivos como o tabagismo, mas assim como esse hábito, envoltos em uma cortina de fumaça muito atraente.
É incrível a
facilidade que nossos jovens apresentam de se entregar à sedução do som
retorcido das palavras em inglês. Não que isso seja novidade, pois, no século
XVIII vivemos esse tipo de invasão. A cultura francesa já teve status similar,
quando os filhos dos nossos “coronéis” eram mandados para estudar em
Montpellier e a França era um polo cultural importante. Hoje, a despeito da
enorme diferença em relação aos tempos remotos, não haveria necessidade de uma
submissão tão gratuita à “bela grama do jardim do vizinho”, posto que temos
aqui mesmo, os mesmos recursos que eles.
Daí então nos
perguntarmos pelos motivos que nos conduzem a aceitar tamanha opressão
cultural, que vai, mantidas as atuais circunstâncias, fazer desaparecer em
algum tempo os hábitos e a língua que construímos em 500 anos, assim como os
portugueses e espanhóis fizeram com a língua e os hábitos dos povos que
habitavam as terras descobertas por Colombo.
Quem assistir
ao filme 1492 – A conquista do paraíso, vai concordar com esta reflexão. Ali
foi retratada a destruição impiedosa de toda uma cultura, sem contar o
monstruoso genocídio que, se comparado ao tão condenado holocausto contra os judeus na segunda grande guerra, não
perde em proporção numérica, nem em nível de violência, guardados os aspectos
específicos de cada caso.
Ora, as
ferramentas utilizadas para a imposição de uma cultura evoluíram, não sendo
mais usados aqueles métodos horrendos, mas outros, sofisticados e sutis. Hoje
as pessoas são induzidas a odiar tudo o que representa o que é local, tratado
como pior ou inferior. Ainda compramos produtos de péssima qualidade, só porque
são “importados”. A indústria e
o comércio locais são massacrados e sufocados pela pressão da lei da oferta e
da procura, onde os preços determinam a compra, em detrimento da qualidade e da
origem.
As
justificativas para esse comportamento autodestrutivo do ponto de vista
cultural são as mais diversas, mas não podem ser encaradas como sérias. Há
pouco tempo começamos a ouvir falar de Halloween. Há alguns anos, o “dia das bruxas”
já foi até “comemorado” em escolas infantis, com crianças pequenas repetindo a
frase “gostosuras ou travessuras” que víamos somente nos filmes
norteamericanos. Pergunte a essas crianças sobre os personagens da nossa
cultura. Cuidado!!! Você poderá se assustar com a resposta.
Os jovens de
Belo Horizonte ganharam há alguns poucos anos,
mais um espaço para beber muita
cerveja, como se fôssemos irlandeses, no St. Patrick’s Day, uma festa à qual
nenhum dos participantes sabe explicar o motivo de ter ido, além de, obviamente, beber cerveja.
A Black Friday foi inventada nos EUA, encaixada estrategicamente logo após o feriado de "Ação de Graças" que ocorre sempre na 4ª quinta-feira de novembro. O varejo norteamericano realmente faz a redução de preços, como forma de renovar os estoques para as vendas de fim de ano. No Brasil, a cópia da promoção não passa de mera imitação do nome e muita enganação. Os comerciantes dobram os preços alguns dias antes, para dar descontos fantásticos na blec fraidei. Fake friday, pura "embromation".
O que o St. Patrick’s Day, o Halloween, ou a Black Friday tem a ver com nossa cultura? Parece que a globalização acaba com a criatividade e determina um comportamento massificado, com a mídia tangendo o povo-gado para onde for mais lucrativo ao comércio. Os aspectos culturais dos povos devem desaparecer em pouco tempo.
E um povo que perde sua capacidade de criar, perde também, parte de sua existência!
ResponderExcluirEsta aculturação "goela abaixo", começou com Adão tendo que "engolir"a aculturação da CONSCIÊNCIA e com isso perder o paraíso da irracionalidade.
ResponderExcluirHá tantas figuras do nosso folclore que as crianças de hoje nem imaginam quem sejam...
ResponderExcluirNa realidade os comerciantes não almenta os preços ex.o produto sai do distribuidor ha 6.00 reais eles revendem ha 24.00 reais e na tal blak fridy vai para 12.00 reais de qualquer forma o comerciante lucra vi e comprovei essa atitude em um loja que trabalhei,e ainda questionei a marcadora de preços .
ResponderExcluirEla me respondeu se vender ha preço de custo como pede o cdl os grandes comercios leva prejuizo!! É mole?
È melhor polir a pedra do que encerar a "cara de pau"...
ResponderExcluirInfelizmente todos dias, aqui no Brasil, são ""BLACK DAYS" mas não:Free.
ResponderExcluirCom na musica do Titãs....
ResponderExcluirAgente somos inúteis!!!
“A ente não sabemos
Escolher presidente
A gente não sabemos
Tomar conta da gente
A gente não sabemos
Nem escovar os dente
Tem gringo pensando
Que nóis é indigente”
Enfim gente, precisamos reaprender a aprender como viver os dias de hoje, e aprender a reensinar nossas crianças!!!
Else, how will our future be?
rsrsrsrs
Excelente análise.Nao podemos esquecer que a quase 60 anos o Paulo Freire, já denunciava está invasão cultural.Infelizmente o poder do dinheiro anestesiou as mentes da maioria da população,com a convivência dos meios de comunicação.
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