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Antes da hora (elegia a Vander Lee).

Morre sem a menor necessidade, sem um pingo de concordância de quem quer que possamos imaginar, um anjo que a tantos corações acalentou, que a tantos sofredores deu sua dor por espelho, para talvez tornar a dor do outro um pouco menor, já que a desnudava e desmascarava com maestria.

Morre um amigo nosso, que nem precisava nos conhecer para ser mais íntimo. Sinto que ele sentia o que nos tornava iguais. Sinto que ele sofria cada dia e agora não sofre mais, pelo menos no plano em que ficamos sem ele.

Morre um bastião da poesia e da boa música. Cai um balaústre da cultura. E isso deixa à mostra o empobrecimento cultural que nos aflige, pois muito nos custará apontar um que seja, que o possa substituir em qualidade.

Da mesma forma, ficamos sem uma excelente referência no que diz respeito à ética, ao humanitarismo, à decência e aos bons princípios. Esse moço era um exemplo de humildade, de boas maneiras e de doçura, itens em falta nas prateleiras da moral hodierna.

Duplamente então, ficamos a fitar o horizonte, não esperando aviões, mas a desejar que em seu jardim, Deus possa ouvir o menino que viveu 50 anos mas sobreviverá outros tantos, em suas letras e músicas inigualáveis, aqui deixadas órfãs tão precocemente.

Viva bem Vander Lee, onde quer que seu espírito repouse, pois se seu corpo padeceu, sua alma é imortal.

Turma de la Maestria en Psicoanalisis



Aqui se marca um passo de uma turma legitimamente brasileira fazendo história em Buenos Aires.
No último módulo estudamos Psicanálise e cultura. Também nos ocupamos com os discursos e a ética. E nos demos conta de que nos achamos todos cuidando de um sujeito afetado pelos discursos.
Claudia, a fazendeira mineira que se ocupa do amor e trabalha tanto, que seu dia parece ter mais que 24 horas.
Manoel, o analista pernambucano matemático, apaixonado por futebol e carnaval. Filhote do Vapereau. Desenha facilmente a teoria que a gente não entende. E continuamos sem entender.
Alessandra, a mãezona carioca preocupada com a ética do processo, ao ponto de emocionar os colegas ao descobrir que já estava no caminho certo.
Sueli, a empresaria amazonense que busca entender a feminilidade e o gozo das mulheres.
Marcio, o médico da família goiano que "luta" para manter de pé a causa masculina.
Janise, a psicopedagoga mineira na guerra santa pelas crianças cristãs.
Jerfeson, o professor carioca defendendo o sujeito no processo educacional.
Carlos, o menino brasiliense envolvido com a beleza por dentro e por fora, não esconde a beleza de ser tão espontâneo e alegre.
Roseli, psicóloga gaúcha, mãe, esposa, dona de casa, procura achar o começo da análise.
Weverton, o policial e teólogo mineiro que sonha resgatar o sujeito das garras dos discursos.
Pela estrada ficou o carioca Thiago, lacaniano mileriano. Um desfalque para a turma.
Mas ganhamos reforço com o policial goiano Eduardo, que defende o "nome do pai" e com a bela jovem gaúcha Paula, incomodada com as vicissitudes do discurso hipermoderno e suas ferramentas desubjetivantes.
Ocorre que, cada um em sua particularidade, todos acreditamos no discurso psicanalítico como possibilidade de resposta à angústia dilacerante que nos aflige a todos.
Sin nombrar a ninguno, a Universidad Kennedy nos toca agradecer por la flexibilidad, por el cuidado con nuestros sueños y el aporte de oportunidad no solo en ofrecer una maestria, sino que en sustenernos a hacerlo. Gracias.