Weverton Duarte Araújo
Responsabilidade
é uma qualidade imputada àquele que responde, voluntária ou
involuntariamente, por algo. É diferente de culpa, que por sua vez,
é a cobrança consciente que se imputa a alguém, ou a si mesmo,
após análise de um ato cometido.
Assumir
culpa e agir com responsabilidade não são tarefas simples. Sempre é
mais fácil arranjar um responsável ou culpado para os erros de
todos. O Brasil está cheio de ladrões e estelionatários, de
irresponsáveis, mas a culpa dos desacertos sempre é imputada a um
outro, principalmente um "diabo", ou uma figura tão grande
quanto, pouco acessível e publicamente reconhecida como detentora de
poder; um Judas, que se apedreja no lugar se si mesmo, maquiando um
ajuste de contas que, na verdade, nunca acontece.
Assim,
o povo se exime da responsabilidade, bate no peito e dispara: Foi o
outro, poderoso e forte que fez. Eu sou fraco, miserável, incapaz.
Tudo é culpa do outro. Eu paguei os impostos ou "devolvi" o dízimo. Agora, o
governo ou a liderança eclesial que tome as providências.
Mas
essas lideranças seculares ou espirituais também têm lá seus
interesses... E convenhamos, governar um povo inculto e ingrato,
desmemoriado e maldizente como o nosso, não deve ser o interesse
principal dos líderes que temos escolhido. Esses líderes são
forjados a partir de pessoas com os mesmos defeitos do povo, até
porque, eles são parte desse povo. Eles não são diferentes,
melhores ou piores que seus representados e liderados.
O
povo continua a praticar seus pequenos e grandes delitos diariamente.
Desviando, subornando, ocultando, sonegando, como se essas ações
não atingissem ao próximo, ou a si mesmo. Cada um se acha um
“Robbin Hood”, com direito de roubar dos ricos em favor do pobre
que é ele mesmo. Instituiu-se entre nós um circulo vicioso, no qual
todos estamos envolvidos e com um certo sentimento de que isso é
assim mesmo. Já que não podemos vencer o mal, nos unimos a ele.
Do mal tiramos proveito, ao mesmo tempo em que o abominamos. Tentamos
corromper o mal com maldade. Buscamos a paz através da violência.
Cobramos justiça para quem nos ofende, mas fugimos de arcar com a
responsabilidade por nossos atos. Assim é na política, na religião
e no futebol. É uma bola de neve sem a menor chance de resultar em
algo bom.
Assim é o futuro que todos nós, vítimas e algozes, líderes e liderados,
representantes e representados, desenhamos a cada dia, por nossos
atos e omissões. A culpa é sempre do outro e a responsabilidade nunca é minha. Jean Paul Sartre bem o desenhou em "Entre quatro paredes", ao encerrar o texto com o clássico " o inferno é o outro".
Ótimo texto pra refletirmos dia-a-dia.
ResponderExcluirMuito bom, mas longe de alcançar a instância moral do nosso povo, mente está cauterizada pelo "cultura do se dar bem a qualquer custo". Porém, não devemos desistir de desconstruir essa "cultura". Insistimos em assumir nossa responsabilidade no "status quo" bem como construir pontes que possilite os encontros como os desencontros na construção de novos sentidos de ser no mundo.
ResponderExcluirprecisamos mais professores dedicado no brasil pra acabar com toda essa raça de corruptor esta nascendo
ResponderExcluirchamada nova geraçao
obrigado pelo pensamento.
ResponderExcluirMuito bom seu texto.
ResponderExcluirSó verdades
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