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Aqui vale tudo.

Quem me conhece sabe que eu torço pelo Atlético Mineiro, mas, que não deixo de fazer qualquer programa mais interessante para ver uma partida de futebol. Acontece que nesta última quarta-feira,  03-04-2013, estava em casa tentando ler um texto psicanalítico muito denso, mas, não resisti à curiosidade imposta pelos estrondos dos fogos insistentemente acionados por uns vizinhos fanáticos. Bom... resolvi então assistir ao segundo tempo do jogo pela tv no meu celular, pra não sair da cama, onde já me alojara.

Jogo bonito, corrido, com vitória daqueles cujas cores me são simpáticas, com placar não menos simpático. O galo meteu cinco a dois nos argentinos, ganhando ainda mais tranquilidade na disputa da Libertadores. Até aí, tudo bem, não fosse o desfecho lamentável do evento, que na verdade, é o tema que pretendo trabalhar aqui. E lamento informar, mas isso não tem nada a ver com futebol, mas com segurança nacional.
Vejamos se não tenho razão.

Aconteceu, que a Polícia Militar de Minas Gerais foi violada como instituição. Seus membros, que ali estavam trabalhando pela segurança de todos, foram gratuitamente agredidos, diante das câmeras, muitas câmeras. A imprensa mineira foi violada, tendo um de seus membros sido agredido covardemente pelo vandalismo dos jogadores do Arsenal. Parecia um arsenal mesmo, de armas humanas a disparar chutes, a lançar objetos, a depredar o patrimônio alheio. O Estado de Minas Gerais foi agredido e desrespeitado. Eu me sinto agredido e desrespeitado por estrangeiros bárbaros, que aqui vieram para uma disputa esportiva e ao perderem tal disputa, arrancaram suas máscaras e mostraram sua face. Assim foi.

Recentemente um grupo de torcedores do Corinthians de São Paulo foi preso na Bolívia, envolvido na morte de um torcedor local, causada por um dos nossos compatriotas ao lançar um equipamento pirotécnico em direção à torcida adversária. Eis que até hoje, doze pessoas estão lá, detidas à disposição da Justiça. Justo.

Mas aqui é o Brasil. Aqui as leis são outras e o discurso é de uma modernidade incrível. Aqui tem se tornado aceitável pelo senso comum e sancionado pelo Judiciário, a transação penal. Paga-se determinado valor e anula-se os efeitos das leis em plena vigência, mas sem qualquer vigor. A modernidade proposta pela transação penal é uma declaração de que quem tiver recursos financeiros pode transgredir à vontade. Relativiza-se assim a validade da Lei. 

Os animados argentinos, até parece que já sabiam que aqui vale tudo. Quebraram o vestiário do Independência, agrediram os PMs, agrediram jornalistas, fizeram e aconteceram. Pois bem. Salvo erro justificável pela minha incapacidade de produzir uma boa exegese do nosso ultrapassado Código Penal, teríamos aí crimes de danos, lesão corporal, desacato, tentativa de homicídio, associação para a prática de crimes e sei lá mais o quê. Daí minha estupefação, ao saber que, pelas tantas da madrugada, fora estipulada uma determinada quantia em dinheiro a ser paga pelos "hermanos" a título de indenização. Agora é assim. Quebro a cabeça do repórter com uma cadeira de ferro, pago R$4.000,00 de indenização e posso voltar pra casa. Enfio o pé no peito da comandante do policiamento da capital, chuto a boina dela, pago mais uns trocados e pego meu avião em segurança, de volta para a "europa latina".
Pior de tudo, é que segundo consta, os caras nem tinham o dinheiro, que foi pago pelo Atlético, ao bom estilo do anfitrião mineiro.
Os argentinos voaram pra casa e ficou por isso mesmo. Injusto.