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Lá vamos nós, improvisar novamente.

E lá vamos nós improvisar novamente. Até parece que é sina, azar, ou coisa assim. Mas, é inegável que sempre somos compelidos ao improviso. Assim tem acontecido por não nos preocuparmos com o futuro, por não sermos adeptos de uma cultura previdente. É do nosso jeito de ser, o improviso, o arranjo de última hora, a gambiarra. É assim nas terras do Pau-Brasil.
Pois bem, morto Eduardo Campos, o candidato à presidência que representava uma possibilidade honrosa a quem não desejava anular o voto, mas não suportava a ideia de votar em Aécio ou Dilma, surge a possibilidade de que esse voto não seja apenas dado a alguém como forma de protesto. Marina, conforme a aliança que fizer nos próximos dias, pode representar uma séria ameaça à polarização PT-PDSB, que até então se mantinha estável, já que Eduardo não representava perigo iminente.
Algum tipo de improviso deve surgir, a partir do inesperado acidente, já que o tempo é exíguo e os sonhos não podem ser abandonados, mesmo diante da mais cruel fatalidade. Assim, os indecisos, os anti-petistas e anti-peessedebistas terão agora uma responsabilidade maior que a dos eleitores fiéis, já fechados com seus representantes.
Se Marina encabeçar a chapa, com Erundina de vice por exemplo, os 10% que Eduardo alcançava podem até dobrar, tirando Aécio do páreo e colocando uma pulga atrás da orelha de Dilma.
Esperemos então, o que esse improviso nos trará. Continuaremos sob o trabalhismo manchado pela fraqueza e pela corrupção, retornaremos ao coronelismo blindado, com ares de moralista, ou partiremos para o ecologicamente correto apoiado pelo latifúndio? 

Nem bacharel, nem analfabeto. A síntese.

Em breve teremos eleições novamente. Quando começa a veiculação de propaganda dos candidatos às vagas nas câmaras municipais, estaduais, distrital e federal, assim como às prefeituras dos municípios, ao governo dos estados e até à presidência da República, as aberrações mais absurdas são jogadas em nossas caras, como se a coisa não passasse de brincadeira. Tem “mulher bambú”, “toninho do diabo”, “gretchem cover” e “cara de hamburguer”. Sim, tem candidatos que se apresentam com esses nomes e esperam ser eleitos. E o pior: muitos são eleitos.

Em interessante debate publicado pelo Jornal O Tempo, de Belo Horizonte, há alguns anos, foi proposta a exigência de bacharelado em Direito ou Administração para os candidatos a cargos eletivos no Executivo e no Legislativo. A proposta foi adequadamente rebatida, mas não se falou em uma terceira via, menos elitizante e não menos moralizante do processo eleitoral.

A ideia já foi proposta por meio de postagens em redes sociais, conclamando a um movimento popular em defesa de uma mudança na legislação referente aos requisitos para o lançamento de candidaturas. Lamentavelmente, nem os políticos abordados, nem os internautas deram ouvidos.

A proposta, obviamente simples e carente de acréscimos, se resumia a que fossem criados cursos de capacitação em administração pública, com conteúdo específico para cada cargo pretendido. Assim, os candidatos a vereador, prefeito, deputado, senador, governador e presidente da república, estariam obrigados a se submeter a tais cursos, cujos certificados de conclusão e aprovação passariam a fazer parte da documentação exigida para o registro da candidatura.

Entidades como a Fundação João Pinheiro, por exemplo, (que tenham reconhecida experiência na formação de administradores públicos), ou as Universidades Federais, poderiam formatar e ministrar os cursos, cada um com conteúdos adequados aos cargos, de modo que os candidatos se ambientassem previamente com o trabalho para o qual se oferecem.

Muitas vantagens poderiam advir dessa mudança, a começar pela exclusão de uma enorme quantidade de oportunistas completamente incapazes e sem o menor conhecimento em administração pública, que encarecem o processo eleitoral e empobrecem o nível das campanhas. Evitaríamos casos ridículos como o Deputado Everardo (Palhaço Tiririca) ou do Vereador “Andreia Verão”, de Carapicuíba-SP, o cantor Agnaldo Timóteo, jogadores de futebol, padres, pastores, celebridades do bbb, dentre outros casos, da mesma forma lastimáveis, que nos envergonha e nos causa prejuízo não só financeiro, mas prejuízo moral e atraso em nosso desenvolvimento como Nação.

         Ora, se todas as empresas exigem dos candidatos a ocupantes de seus cargos um conhecimento prévio na área que pretendem trabalhar, por que não exigir dos candidatos a legisladores e administradores da coisa pública, que no mínimo conheçam razoavelmente a matéria com a qual hão de lidar caso sejam eleitos? Nada mais justo.

             E você, se for contratar alguém para administrar sua casa, vai contratar um analfabeto, um médico, um pastor, um professor, um radialista, um entregador de gás, ou uma pessoa com formação e experiência em administração doméstica? 

          Que não se exija de todos formação superior em Direito ou Administração, mas que não se deixem pessoas não qualificadas administrando nosso país. Eis a síntese para o debate.