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Dia das crianças. Festejar ou chorar?

Eis que chega o dia 12 de outubro, convencionado para a estranha comemoração do dia das crianças, que depois perdeu espaço para semana das crianças e agora já se ouve os absurdos “jingles” comerciais chamando para as compras do “mês da criança”. As compras em primeiro lugar. As crianças sem lugar.
É estranho sim, ter um dia para as crianças, quando os pais não costumam ter sequer minutos diários para trabalhar na criação, na educação, na formação de seus filhos enquanto ainda são pequenos e incapazes de se defender da dura realidade do nosso mundo. E assim, eles se transformam em adultos sem lugar, “sem noção”.
É muito estranho e preocupante que os responsáveis pela formação dos cidadãos do futuro (e o futuro é logo ali), não se responsabilizam pelas atrocidades que esses mal-formados, mal-criados, mal-educados estão cometendo a cada dia. Os pais deixam seus filhos nas mãos de desconhecidos e depois querem culpar os “traficantes” pela má formação de seus herdeiros.
Os pais deixam as crianças na rua, não lhes impõem regras e culpam o governo, o conselho tutelar, o ECA, os deuses e os demônios, mas não se implicam, não se lembram que os filhos são crias deles e responsabilidade deles. Como disse Rousseau, quem não cumpre o dever de criar bem seus filhos, não tem nem mesmo o direito de tê-los. Mas não é o que vemos. Pelo contrário, crianças são geradas indiscriminadamente, como se fôssemos ratos e não humanos.
Os pais e as mães estão permitindo que seus filhos e filhas façam tudo o que querem, enquanto todos nós bem sabemos que a coisa não pode ser assim, sem regras, sem controle. 
Por falta de responsabilidade, usam as mais variadas desculpas. Apelam para um discurso hipócrita de que não se pode usar de violência, mas deixam nas mãos das crianças videogames com jogos cada vez mais violentos. Se escondem sob a balela de que precisamos respeitar as vontades da criança, para que sejam sujeitos livres, mas o fazem apenas para ter mais tempo para si mesmos, deixando os indefesos expostos a tudo e a todos.
E quando chega o dia, a semana, o mês das crianças, subornam seus filhos com presentes, ensinando-os a manipular e se permitirem ser manipulados. É um jogo sujo, de abuso e desrespeito, no qual a geração do presente pouco ou nada faz pelo bem estar da geração do futuro. 
E o resultado está aí, nos noticiários, nos adultos desequilibrados, que não respeitam os pais, nem a Lei, nem a si mesmos.
O lastimável ocorrido em Janaúba-MG, quando dezenas de crianças foram queimadas vivas, assim como o não menos terrível caso de Las Vegas -EUA, no qual centenas de pessoas foram alvejadas por tiros dados a esmo, foram protagonizados por uma criança de 50 e outra de 64 anos, que não aprenderam a respeitar o outro, a ver no outro uma extensão de si mesmo, enquanto partes de uma mesma espécie.
Ambos os casos, com suas marcas indeléveis, deixam espaço para reflexão: até quando vamos permitir que pais irresponsáveis continuem a povoar o planeta com filhos sem limites e construir um fim desastroso para a humanidade?

Dia das crianças? Como comemorar? Por que comemorar? O que comemorar?