Nos
deram espelhos...
Weverton
Duarte Araújo
Nos
últimos dias a imprensa e as redes sociais estão sendo bombardeadas
com “denúncias” contra a estrutura do STF. Os ministros estão
sendo achincalhados e a instituição completamente desmoralizada. É
fato que a côrte maior da Justiça brasileira não faz jus à pompa
que ostenta, nem mesmo exerce adequadamente seu mister, como qualquer
cidadão com um mínimo de instrução pode perceber. Mas, me
pergunto: o que há por trás dessa campanha de desmoralização? O
que pode resultar desse denuncismo aparentemente gratuito?
Ora,
sabemos que uma das técnicas da estratégia bélica e da ocupação
imperialista é a desmoralização do inimigo diante de seus próprios
pares. A disseminação de boatos e até mesmo de fatos, de forma
organizada e sistemática, focada em um determinado ponto, tem como
objetivo a criação de um estado de ânimo na população em relação
a uma imagem, uma pessoa, um sistema de governo, uma religião, etc.
Tudo
isso pode ser comprovado pela história. Basta olharmos para trás e
para os lados. Não muito longe de nós. O regime militar que se
impôs sobre o Brasil em 1964 sofreu esse bombardeio ideológico até
não se sustentar mais, por mais que mantivesse a ordem e um certo
progresso. O regime democrático que o sucedeu a partir de 1985,
embora tenha sido responsável pela libertação de grande quantidade
de pessoas da fome e da miséria, não foi capaz de manter a ordem
e está se desmoronando.
Mas,
o que não se percebe claramente é que existem forças agindo na
obscuridade dos bastidores políticos, plantando uma tendência à
desobediência civil. Isso é muito perigoso para a soberania
nacional. Quando se permite o desrespeito às instituições (seja
pelo povo, ou pelos administradores), está se autorizando a desordem
generalizada. E já estamos à beira dela.
Não
me iludo ao crer que há outro golpe em andamento. E se os militares
tomarem o poder, ou se o povo, movido pela insatisfação, eleger um
indivíduo que se declara pronto a desrespeitar a liberdade em favor
da ordem, vamos nos oferecer à intervenção da regulação externa.
Não tenho a menor dúvida de que os Estados Unidos adorariam fazer
aqui o mesmo que fizeram no Iraque, no Afeganistão, e em outras
partes do mundo. E eles logo terão argumento para fazer isso com o
apoio do resto do mundo e até de muitos de nós mesmos.
Saddam
Hussein não tinha nenhuma arma química. Osama Bin Laden nunca
ofereceu perigo ao mundo.
Ou
seja, estamos passando ao largo de mudar para melhor, se continuamos
a desvalorizar as instituições ao invés de limpá-las e
fortalecê-las. Observemos a campanha de desmoralização de nossas
instituições e pensemos: Quem ganha com isso? Quem lucra em criar o
caos na nossa sociedade? Quem cria as campanhas de desmoralização
disfarçadas de trabalho jornalístico? Por que nos deram
(gratuitamente) tantos recursos de disseminação de informações? E
por que somos incentivados a ficar como zumbis, de olhos e mãos
colados nas telinhas, compartilhando algo que nem sabemos de onde
veio?
Querem
que fiquemos ocupados, com os olhos e as mãos ocupados e colaborando
para a implantação do projeto de enfraquecimento de nossos valores
locais, para que quando vier a intervenção, não tenhamos olhos
para perceber, nem mãos para reagir.
Se
não pensarmos nisso rapidamente, fatalmente seremos vítimas de
nossa própria incapacidade de observar, pensar e agir
adequadamente.