Tenho um amigo que sempre usa uma
historinha interessante quando quer ilustrar alguma ação equivocada e de efeito
nulo. Segundo o “causo”, um sujeito pega sua mulher no flagra com um outro, no
sofá de sua casa. Chateado com a situação, ateia fogo no sofá.
Tomemos a ilustração para comparar com as
ações de boa parte da nossa sociedade nos últimos tempos. Temos acompanhado com
grande frequência nos últimos dias, leitores de jornais e internautas, enviando
fotos e vídeos, denunciando os irresponsáveis que, mesmo diante do iminente
racionamento de água causado pela falta de chuva, insistem em lavar calçadas
com mangueiras, desperdiçando o tão precioso líquido.
Podemos perceber também, nas redes
sociais, algumas provocações, convites, convocações, a atos em favor do
“impeachment” da Presidente da República.
Muito bom que as pessoas estão se
posicionando!!! Excelente que o povo tem se manifestado e tomado
posição!!!
Mas, por trás desse heroísmo infantil há
também uma declaração de ignorância e de hipocrisia. Sim, pois muitos desses
que se transformaram de repente em denuncistas profissionais, sequer filtram a
informação. Já partem para a acusação, ou quase condenação dos acusados,
expondo seus rostos na internet, sem respeito pelos direitos individuais,
incorrendo em prática delituosa.
No caso da convocação para atos em favor
do impeachment, pior ainda, pois, não parece que muitos dos que fazem tal
divulgação tenham minimamente pensado nas consequências disso. Não pararam para
pensar que para se propor tal ato, há que se estar calçado na Lei 1.079 de
1950. Pior que isso, não pensam no custo envolvido, nas consequências políticas
e econômicas em âmbito nacional e internacional.
Pior de tudo: não pensam que, por exemplo,
se tivéssemos embasamento para tirar a Dilma, ficaria em seu lugar o Temer; Se
tiramos o Temer entra o Cunha. Que diferença faria? Queimamos o sofá e
continuamos a ser traídos, na cama, na mesa, no banheiro e na cozinha, onde
houver espaço.
Essas atitudes, por mais que denotem boa vontade,
expõem a nossa imaturidade política. São ações que, por mais que pareçam
lícitas e louváveis, não deixam de ser infantis, precipitadas, prematuras. Se
queremos mesmo mudar o Brasil para melhor, precisamos mais que
revolucionários no Facebook, guerrilheiros no Whatsapp. Precisamos de cidadãos
equilibrados, sensatos e responsáveis por seus atos e palavras.