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Primeiros efeitos imediatos...

Bem.... não é o caso de sermos pessimistas, mas realistas, pé no chão e olhos abertos.

Daí, que já podemos observar as pequenas reações, com não tão pequenos efeitos, advindas do ato presidencial, aclamado por muitos e abominado por outros tantos.

Não estou aqui para demonizar Bolsonaro, posto que ele dispensa ajuda para tal feito, já que por si mesmo, coloca em crescente descrédito a própria imagem, dia após dia, ato intempestivo após ato temerário.

O que me instiga a retomar o assunto é  o movimento, cada vez mais claro, em direção à crise institucional, essa sim, receptora cotidiana dos investimentos de sua excelência, o chefe do Executivo, quando, por exemplo, faz ataque direto e desnecessário ao Juduciário, o qual não consegue corromper como, à luz do dia, silencia a parcela do Legislativo que se oferece à corrupção (nenhuma novidade).

Antes que me sobrevenha a precipitação lítica, já faço a necessária declaração de ciência que todos os que se aventuram pela senda do exercício filosófico deveriam fazer: sei muito bem que os governos anteriores se corromperam, ou se aliaram a corruptos. Todos nós  sabemos. Sei que não existe salvador da pátria e não estou aqui para defender nenhum nome para nenhum cargo. 

Meu convite é, e sempre foi, à reflexão, ao bom senso. Se isso me torna um comunista comedor de criancinhas no café da manhã, um esquerdopata que deseja mudar a cor da nossa bandeira, um ateu defensor do aborto, defensor das aberrações sexuais e sei lá mais que tantas ofensas já ouvi, não posso fazer absolutamente nada, pois tais adjetivações estarão vindo de uma leitura desconexa da minha proposta. Aí já entramos no campo da incompatibilidade entre o desejo de produzir reflexão e a incapacidade de refletir.

Pois bem.. Mal foi editado o decreto presidencial, já podemos perceber suas primeiras consequências negativas. Por exemplo, o inepto ex-presidente da Fundação Palmares (entidade completamente descaracterizada pela ação estratégica de se colocar o lobo para cuidar do galinheiro, coisa que se repetiu por exemplo, na mina de ouro sem dono, chamada Ministério da Educação), já  mostrou a que vem e para onde vai, incitando em rede social, o desrespeito ao STF e inclusive citando o presidente da república como possível defensor de quem venha a se complicar com isso.

Também um general da reserva, associado de um "clube militar", em consonância com outros clubes militares brasil afora, trata publicamente, com palavras desrespeitosas (inadequadas ao que se espera dos militares, enquanto defensores da patria), o ícone do STF.

O próprio presidente de república, já se pronunciou ameaçando desobedecer decisão do STF, caso este aprove a revisão do marco temporal referente à demarcação das terras indígenas, o que seria desfavorável ao agronegócio, forte patrocinador de sua excelência. 

Eis, em suma, as primeiras consequências observáveis, como desdobramento de um ato que, à primeira vista, parecia mera intempestividade. Não. Claro que não. O processo de investimento proposital na deterioração das relações entre os Poderes está em movimento constante e não vai parar por aí. E sabemos que toda ação provoca reações.

Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, que não fique de boca aberta.

 

    


"Ordo ab chao" tupiniquim.

    Se você acompanha minhas inquietações cotidianas, vai lembrar que já falamos sobre os perigos da instabilidade jurídica, da instabilidade institucional, no âmbito de uma república. Relembremos...  

   Eis que, pouco tempo atrás, compartilhamos com nossos leitores nossa preocupação com o sistemático investimento de certa parcela da nossa elite política, na desmoralização das instituições da república. Que intenções haveria por trás dessa atitude, que aparenta não fazer sentido?

    Ora, nós que não somos crianças, que vivemos no período da ditadura militar, ou mesmo os que não experimentaram de per si, mas que estudaram a verdadeira história do que nos ocorreu de 1964 até os dias atuais, temos elementos suficientes para saber como funcionam os métodos dos militares para atingir seus objetivos.

    E sabemos que o atual ocupante da presidência da República, não esconde sua predileção pelo autoritarismo, como mais uma vez demonstrou, ao afrontar intempestivamente o STF, decretando sumariamente a ineficácia da decisão daquela corte contra o deputado federal Daniel Silveira, mesmo antes do trânsito em julgado da sentença, o que parece atitude impensada, mas certamente não o é. Isso mais parece arapuca.

    Ao que parece, a ideia é provocar o STF a entrar na briga pelo cumprimento da sentença, voltando à situação de instabilidade institucional que reinou em 2021. Isso seria um prato cheio, para o projeto golpista que, não nos iludamos, não foi abandonado. 

    É conhecida a tática de guerra atribuída ao governante romano Julio Cesar, "dividir para dominar". Sim, essa parece ser a estratégia utilizada pelo déspota atual. Dividir a oposição, enfraquecer a imagem do adversário, infiltrar elementos nocivos e confundir a opinião pública.  Eis o método em utilização, às vésperas das eleições, que já  se sabe, ele pretende avacalhar o quanto puder, já que a oposição tem conseguido se organizar de forma a oferecer grande margem de possibilidade de vitória.

    Observemos ainda, se não parece fazer sentido nossa opinião, se fizermos uma breve análise dos tipos defendidos pelo presidente, ou de seus apoiadores, já ocupando espaços em todas as esferas governamentais. Temos vereador militar acusado de crimes diversos; deputados na mesma situação; lideres religiosos fazendo trambiques e manipulando verba do Ministério da Educação; servidor do ministério da Cultura incentivando o uso de verbas da pasta na propaganda armamentista; Ministros desmoralizados por ações e omissões que evidenciam caráter duvidoso... Não me lembro de um governo que tenha errado tanto na escolha de seus quadros e que tenha se envolvido tão abertamente com o crime, com criminosos e com a criminalidade. 

    Daí, meus caros, que a intenção do presidente não é apenas livrar a cara do seu amigo, mas vai muito além disso. Essa cortina de fumaça apenas oculta temporariamente a real intenção de quem deveria estar se ocupando de proteger a nação, diante das dificuldades que todo o mundo está enfrentando, face à pandemia de COVID, a guerra na Ucrânia e nossas próprias dificuldades internas. 

    Fica fácil aceitar a hipótese de que a ideia é promover o caos para que haja demanda de ordem. Sim, outra velha tática de dominação baseada no lema "Ordo ab chao", a qual se pressupõe que Nero, o imperador romano, tenha usado, quando supostamente tocou fogo em Roma para que ele mesmo a "salvasse", trazendo a ordem a partir do caos, que ele mesmo provocara.

Quem duvida disso? Acompanhemos o andamento das coisas.....

Por que a guerra?

    Bombas e mais bombas sendo lançadas, da Rússia sobre a Ucrânia; da Ucrânia sobre seus próprios territórios, tomados pela Rússia; das mãos ocultas da OTAN, que promove e fomenta a guerra, em nome de um tratado de paz. Ora, isso não deveria ser percebido como novidade.  Como sempre digo, uma guerra não começa (e não termina) de uma hora para outra.

    Os caras vivem uma história de disputa por minas de carvão, assim como os árabes vivem constante necessidade de defender o seu quinhão de terras petrolíferas. Nem a Ucrânia, nem a Rússia e pasmem, nem os EUA ou a OTAN vão se posicionar de um ou outro lado gratuitamente. Há interesses historicamente perseguidos naquela região. E é bom que os incautos se conscientizem disso, para que não caiam na tentação de emitir opinião rasteira, movida pela influência do discurso midiático, ou mesmo dos defensores da paz, ou dos direitos de um ou outro lado.

    Os russos têm grande interesse em manter o controle sobre aquela região, sem perder, obviamente, espaço estratégico para a famigerada OTAN, reduto do comércio armamentista, tanto dos EUA, quanto da Europa. Não nos iludamos, pois muito dinheiro tem circulado na manutenção dessa guerra, até a exaustão dos perecíveis estoques de munição. Assim foi com o Afeganistão e com o Iraque. Assim está sendo na Ucrânia. Se assim não fosse, os russos já teriam feito como fizeram os EUA contra o Japão na segunda guerra. Sim, já teriam lançado um único artefato nuclear e destruído uma cidade inteira, ditando o fim do conflito. Não foi assim em Hiroshima e Nagazaki? Quem foi punido?

     Ou algum de nós é tão inocente, ao ponto de crer que Joe Biden está injetando bilhões de dólares a troco de nada? É óbvio que eles estão investindo, em busca de altos lucros, assim como sempre o fizeram. Isso não diminui a responsabilidade da Russia, nem ainda, da Ucrânia, ou da Europa como um todo. É uma briga de cachorros grandes. Só raposas velhas em busca de sangue alheio para sugar.

Em 1932 Freud e Einstein, perguntavam "por que a guerra?" E nós continuamos repetindo a mesma pergunta, quase cem anos depois? Por quê a guerra?