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Racismo, injustiça ou hipocrisia?

A desigualdade social em nosso país é óbvia e inegável. A diferença do tratamento historicamente recebido por ricos em comparação a pobres, negros, por índios e mestiços em comparação aos chamados brancos, por nordestinos em comparação aos nativos do sul e sudeste é gritante e facilmente explicável.

Tomemos o caso do professor Manoel Luiz Malaguti, da UFES, acusado de racismo, por ter manifestado em sala de aula sua opinião de que os alunos cotistas seriam responsáveis por uma baixa no nível das aulas, ou algo parecido.

Dois aspectos importantes precisam ser levados em consideração: A reação apaixonada e desmedida contra a liberdade de expressão e a realidade escondida sob a fala do professor, mesmo que esta traga em si algum tipo de injúria contra tal ou tal segmento da sociedade.

Se ele disse que os cotistas tiveram, por motivos óbvios e até por isso são cotistas, menores oportunidades de formação, não parece tão absurda sua tese de que haja diferentes níveis de compreensão em uma determinada turma de estudantes, determinada essa diferença por fatores como, alimentação, acesso a saneamento básico, exposição a meio social violento, falta de exemplo familiar, maior facilidade de acesso a drogas (lícitas inclusive) desde a infância, etc. etc. Os que se salvam das garras da criminalidade ainda precisam trabalhar e estudar ao mesmo tempo, para concluir o ensino médio, antes de serem ou não, incluídos no sistema de cotas.
Parece óbvio que as classes até então menos favorecidas, hoje atingidas pelas cotas, certamente não estão atualmente em condições de igualdade com os abastados, que desde crianças comem do melhor, recebem cuidados médicos de qualidade, educação formal fornecida pela rede particular, intercâmbio cultural internacional etc.
Ora, não estou certo de que os que se arvoraram do papel de heróis, (inclua-se o desembargador que disse ter tomado conhecimento do caso pelos jornais e imediatamente entrou com representação) para a imediata repreensão do infeliz docente, em algum momento se atentaram para a grande verdade escondida sob sua fala. Quem em pleno juízo, é capaz de afirmar que existe equilíbrio de condições na formação de nossos profissionais, consideradas suas origens raciais e sociais?

Mais que a apaixonada defesa dos excluídos diante dos holofotes ou pela mera divulgação desse tipo de fato, por mais que ele realmente seja inadequado para a sociedade que desejamos, há que se abandonar a hipocrisia e encarar de frente a realidade do país racista e classista em que vivemos.

Juiz é deus sim senhora.


Três anos depois de ser humilhada em pleno desempenho de suas funções, por um magistrado em pleno cometimento de infrações à Lei, a servidora que teve coragem para enfrentar o corporativismo do judiciário brasileiro se vê condenada a indenizar por danos morais o olímpico e intocável símbolo da truculência de um sistema que continua a dar tudo aos amigos e a LEI aos que o desafiam.
A servidora, mulher de fibra, não se humilhou à carteirada do absoluto e todo-poderoso, nem se colocou abaixo da função que ele representa para a sociedade, já que essa função, ele não exerce dirigindo carro sem placa e sem portar a carteira de habilitação, mas debruçando-se sobre os processos e julgando-os, para o que recebe salário mais que justo.
O juiz, um fraco, escondido sob um título e protegido pelo sistema, esse sim, desrespeitou toda a lei, assim como à sociedade pela qual é pago e à qual devia servir. Achou-se e continua se sentindo mais-que-supremo, entre os “elohim”, poderoso carteirudo, dono da caneta, acima de tudo e de todos, a ponto de desejar quase dois salários dentro do bolso da infame pecadora insubmissa. Coisa de demiurgos de sua laia.
Pois saiba agora, senhora servidora, que a segunda instância é composta de deuses do mesmo sangue e mais poderosos, que protegem o irmão menor. Agora a senhora corre o risco de ter que recorrer a Terminus, deus romano que ensina a reconhecer limites, ou para não sair de nossas terras e nossa língua, a Xangô, o justiceiro, que saberá dar a quem merece o que merece.