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O que sonha o oprimido?

Em Israel, quem ataca Israel é terrorista, embora Israel possa bombardear impunemente escolas e hospitais e matar crianças, protegido pelo eterno discurso vitimista ancorado na sombra da inquestionável violência da segunda guerra e até mesmo nas milenares diásporas impostas sobre esse povo, cujo próprio deus é um símbolo de prepotência e arrogância. Israel jamais se humilha.

Nos Estados Unidos, quem não bajula os EUA é "terrorista-comunista-narcotraficante", mas os EUA podem destruir impunemente Hiroshima e Nagasaki, invadir dezenas de países, impor sansões e bloqueios comerciais, bombardear áreas civis, fornecer armamentos para fomentar a guerra, em nome da paz. Os EUA jamais se humilham.
 
No Brasil, pelo menos para certa parte do nosso povo, quem não bajula os EUA, não ora pela paz em Israel e não é de extrema-direita, armamentista e evangélico, é um "demônio-terrorista-narcotraficante-esquerdopata". Por outro lado, os "cidadãos de bem" legitimados pelo seu deus sanguinário e controverso, além de disseminar notícias falsas, ideias terraplanistas, anti-vacinas e apoiar movimentos antidemocráticos, podem andar armados ameaçando seus opositores, roubar ou destruir o patrimônio público, espancar mulheres, discriminar e oprimir pobres, negros, pessoas cuja sexualidade não se enquadre em seu discurso moralista e qualquer um que não aprove seus hábitos, os quais, invariavelmente contradizem o próprio discurso.
 
Assim temos um mundo em completo descontrole, habitado por humanos que odeiam humanos, mas se vangloriam de serem abençoados por um deus que autoriza a matar seus desafetos. E para maior tristeza nossa, um Brasil de uma cultura frágil, sem um deus próprio a quem cultuar, sem passado, sem expectativa de futuro, que insiste em imitar e se aliar ao pior que existe na Terra. Diante de Israel e dos EUA, o Brasil se humilha.

Compramos a briga dos cachorros grandes, que sequer percebem nossa existência... Temos vivido um egoísmo cada vez mais acentuado... Copiamos um narcisismo sem o menor escrúpulo... E importamos deuses estranhos à realidade e à cultura local. Essa mistura tem nos levado a agir cada vez mais, em prejuízo de nós mesmos e dos nossos semelhantes.
 
Triste fim nos alcançou, quando percebemos que temos nos tornado aquilo de que fugimos outrora.

Mas, podemos ouvir a voz da sabedoria, que nos alerta sobre uma característica própria do ser humano. Disse Paulo Freire, que quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.

E tome guerra...

Nem respiramos ainda um ar livre das bombas russo-ucranianas, voltam os velhos eternos rivais, Israelitas e Palestinos a trocar ofensas armadas e a praticar atos terroristas, atingindo propositalmente alvos civis, violando direitos humanos, negando acesso a recursos básicos, etc.
O belicismo desenfreado, desde Ismael e Isaac, jamais abandonou aquela região e não é sem motivo. 
Obviamente, há interesses econômicos, estratégicos e políticos, justificados por discursos religiosos extremistas, elitistas e nacionalistas... egoístas mesmo. Pouco se diferenciam daquilo que abominam e que, de alguma forma, lhes prejudicou em um momento passado. Tanto judeus  quanto árabes, hoje impõem, cada um a seu modo, mas ambos de forma violenta e cruel, sua ideologias banhadas na crença construída e mantida há séculos, de serem herdeiros exclusivos de um deus que aprova tudo o que eles fazem e abomina os demais seres humanos, que  por não pertencerem à linhagem dos escolhidos, merecem a morte.
E eles mesmos comprem essa sentença: matam indiscriminadamente, até mesmo os seus pares, caso destoem de seu discurso megalomaníaco e paranoico.
Em resposta ao questionamento centenário de Freud e Einstein: Por quê a guerra?, o que diríamos hoje?

Não nos iludamos. Não há vitimas inocentes nessa história. 
Os herdeiros de Abraão se multiplicaram como prometido pela divindade, mas se dividiram em ceifeiros que somam atrocidade e a cada dia subtraem valor da humanidade.

Não é frescura.

Não é  frescura.

É uma sutura,

que nos perfura,

tortura enquanto costura

sem a menor doçura.

Causa certa tontura,

mas só assim nos cura

de nossa loucura;

reestrutura a tecitura.

Eis a pura agrura

dessa vida dura.

A prima Vera

Era Vera prima do verão 
O senhor do calor, sem noção
Depois dela chegava e luzia 
Se queimava e de inveja morria
Mas esta lhe jogava flores
Só queria lhe dar bons odores
Que amores já teve no inverno
Com dores, com choro, o inferno. 

Prima Vera, se riu disso então 
E também do outono já ria
Que esse outro tão cheio de cores
Não consegue colorir seu terno.

Ela sim, porta em si o condão
De trazer cor e luz, alegria
Nos fazendo esquecer nossas dores 
Isso sim, dava pra ser eterno.

A louca varrida

Ai que canseira
Vem já você novamente
A me fazer pouco caso
Com seu desditoso olhar

E sua eterna maneira
De ser assim com a gente
Nos tratando com descaso
Em nós cuspindo ao passar

Como se fosse uma herdeira
De grande fortuna, a doente
Nem planta tem em seu vaso
Nem água com que se lavar

Mas olha por cima, altaneira
E tudo ignora, indolente
Mas seu vôo é sempre raso
E o chão é seu lugar