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Circo dos horrores (luz, camera, ação)

Circo dos horrores (luz, camera, ação)

Desde há alguns dias a imprensa brasileira vem noticiando, melhor dizendo, anunciando, como se fosse um programa a ser apresentado, causando frisson nos espectadores de plantão, doentes à espera de um escândalo, uma bomba jornalística. Assim está acontecendo com o ridículo caso do desaparecimento da alpinista Eliza Samúdio.

A pirotecnia chega à margem do pastelão, com repórteres de rádio fazendo plantão na praça em frente ao Fórum e informando a situação a cada cinco minutos, desde as cinco da manhã, quando ainda dormem os réus, os advogados e as demais partes diretamente envolvidas na coisa.

O show começou a partir da ridícula atuação da Polícia Civil de Minas Gerais, que, contrariando os propósitos constitucionais norteadores da sua própria existência, chamou para si os holofotes na fase inicial da montagem do inquérito, ao ponto de transformar em celebridade um dos delegados envolvidos na apuração da chuva de falsas denúncias, que em quase nada mais resultaram, além da surpreendente eleição da referida autoridade policial como vereador da capital mineira.

A imprensa mineira, essa sim, se fartou como porcos no meio da lama gerada pela exposição da família de Eliza (e que família...). Ela mesma nunca foi vista em direção à igreja, com uma Bíblia sob o sovaco. Antes pelo contrário, foi vista pelos olhos gulosos dos aficcionados por pornografia, depois de provavelmente ter sido vista pelos olhos não menos gulosos do próprio pai, atualmente escondido na Argentina, denunciado pela mãe de Eliza por ter abusado da outra filha menor e até mesmo ter oferecido a filha mais velha a amigos.

A mãe da "vítima", essa que ressurgiu das cinzas, que nem falava com a filha depois que esta virou moça de atitudes duvidosas, agora se tornou avó esmerada, dedicada ao neto abandonado pela que se tornou de repente, mãe zelosa do herdeiro do emergente jogador de futebol mal acompanhado, envolvido com pessoas não menos implicadas em uma variedade de crimes e práticas pouco recomendadas a quem quer se manter longe dos “clicks”dos famigerados bisbilhoteiros autointitulados paparazzi (pra ficar mais chique).

Um dos advogados envolvidos no caso foi pego com a boca no crack, ou com crack na boca, flagrantemente, talvez por não ter outra forma de chamar a atenção da mídia, que no momento se voltara para outro poço de lama.

No primeiro dia do julgamento, todos se sentiram no direito de dar um “piti”. Advogados brigando por não ter onde ligar seus computadores, advogados abandonando estrategicamente o caso para ganhar tempo e evitar a presença da mãe da "vítima" em plenário, etc.

Na barra dessa onda de exibicionismo, grupos de “manifestantes” sem o que fazer, se espremem pra tentar aparecer com seus cartazes, em defesa de direitos e direitos, cada um procurando uma fagulha da luz brilhante dos flashes. Já houve também, alguns anônimos que juraram ter visto a moça vivinha da silva passeando pela Europa, et al.....

Aonde chegamos? Que tipo de pessoas somos? Doentes ávidos por sorver o sangue, o dinheiro e a vida, uns dos outros, sem o menor pudor, sem a menor misericórdia.

Me envergonha fazer parte desta sociedade, hipócrita, sanguinária, oportunista e descarada. Dói ser parte disso.

Bom.... pelo menos, temos assunto diferente pra discutir, já que os casos do mensalão e do cachoeira já estavam mesmo ficando sem graça.

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