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Morreu Mariza Leticia Lula, perdemos o quê?

Embora eu já tenha atravessado meio século de vida, perdi poucas pessoas pelo caminho. Isso me torna um pouco suspeito para me manifestar sobre a perda de entes queridos. Creio também, pelo mesmo motivo, que não sou exatamente habilitado a oferecer opinião, ou mesmo comentar a manifestação pública de alguém que se viu privado de uma pessoa que amou e com quem conviveu por longos anos, como fez o viúvo Luiz Inácio. 

Acho que seria um grande desrespeito de minha parte, se me arvorasse de alguma suposição de saber, de qualquer suporte epistemológico para parolar nefastas bazófias, como se pode lamentavelmente colher aos borbotões Internet a dentro, face ao recente padecimento e expiração de uma cidadã brasileira, segundo o que há de provado até o presente, em nada prejudicou quem quer que seja, assim como seu enlutado marido, do qual as incontestáveis provas existentes nos anais da história, excluindo-se obviamente o palanfrório leviano que hodiernamente em lei se torna, da mesma forma nada testemunham.

Patavinas!!!  Pois é que há, ao alcance de todos, como sabiamente classifica o filósofo Leandro Karnal, muitos que tornam pública sua condição desumanizada ao exibir seu sentimento de "felicidade" com a morte de alguém. Parece que essas pessoas adoeceram de tal forma que, a exemplo de um célebre juiz de primeira instância paranaense, incapazes de fugir à tentação midiática, que não conseguem discernir entre o razoável e o inadequado e ficar caladas, nem mesmo diante de um momento em que qualquer boçal percebe ser inconteste a necessidade de comedimento,  respeito e silêncio.

Estamos pois, rodeados de zumbis narcisistas. Necrófilos, como alertou Leonardo Boff em artigo recente, os quais gozam onanisticamente num solilóquio de escárnio e aridez, expondo a própria necrose, já que, segundo dito atribuído ao Papa Francisco, aquele que comemora a morte de alguém, atesta a própria morte.

Pois, se perdemos alguma coisa com a morte da ex-primeira-dama, não deve ter sido a oportunidade de provar a capacidade que temos, de ser insensíveis, ingratos, maledicentes e desumanos. Isso é certo... e doloroso.

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