Weverton Duarte Araújo
Podemos entender uma república como uma sociedade administrada com foco no interesse público, ou seja, um grupo de pessoas que aceitam se submeter a leis por elas mesmas estabelecidas, através de representantes escolhidos para tal fim. Tais leis devem visar à proteção da “res pública”, ou seja, do patrimônio comum daquele grupo de pessoas.
As
leis de uma república jamais devem ter como objeto o interesse individual ou a
proteção do individual, mas essencialmente, o bem comum, a proteção do grupo e
de seus bens comuns. Rousseau (O Contrato Social) diz que “numa legislação
perfeita, a vontade particular ou individual deve ser nula”.
Os
cidadãos de uma república precisam necessariamente ser ativos e responsáveis,
dotados de capacidade de administração do bem privado, ou particular, a fim de
que o estado não se torne “pesado” e autoritário.
O
sistema de governo brasileiro é republicano federativo presidencialista. Isso
quer dizer que não temos um mandatário personificado em um monarca, ditador,
imperador, etc. O chefe de Estado e de Governo (presidente da república) tem seu poder limitado pela
Constituição Federal e fiscalizado pelos poderes Legislativo e Judiciário, não podendo ser visto como o único responsável pelos erros e acertos do período de seu mandato.
Nossas leis são (ou deveriam ser) criadas por assembleias ou câmaras legislativas
em âmbito municipal, estadual e federal, com foco na manutenção do bem comum.
Essas sim, são as instâncias às quais o povo deveria recorrer, das quais deveria cobrar e exigir. Nossos municípios e estados (se estivéssemos mesmo em uma república) deveriam ser autônomos, como se fossem pequenos países unidos em uma federação, podendo legislar particularmente em grande parte de assuntos e interesses.
Essas sim, são as instâncias às quais o povo deveria recorrer, das quais deveria cobrar e exigir. Nossos municípios e estados (se estivéssemos mesmo em uma república) deveriam ser autônomos, como se fossem pequenos países unidos em uma federação, podendo legislar particularmente em grande parte de assuntos e interesses.
Mas
é notório o desconhecimento da grande maioria da população em relação às leis de
seu município, de seu estado e da federação como um todo. E se considerarmos a
enorme facilidade de acesso que se tem hoje em dia, com a popularização da
Internet, ninguém pode alegar desconhecimento de qualquer lei, ou dos processos
legislativos em vigor. Com poucos cliques em um computador, "tablet" ou
"smartfone", podemos acessar todo o nosso sistema legal, desde os códigos
centenários, até uma lei publicada ontem.
Maquiavel
nos trás a ideia de que uma república virtuosa é formada por cidadãos
virtuosos, ou seja, dotados de virtude, que cultuam a virtude. O que falta
então, ao cidadão brasileiro, para que se posicione adequadamente em seu lugar
na república da qual faz parte?
O
que lhe falta para que seja como tantos no passado, que fizeram diferença,
agindo como legítimos republicanos, responsáveis e ativos? Temos vivido nos
últimos anos, momentos de expansão dos sistemas de comunicação. A cada dia nos
é disponibilizado um aparelho ou um aplicativo de comunicação mais moderno, mais
barato e mais acessível.
Não
há como se negar esse fato. Mas é possível se observar a clara má utilização e
o desperdício que se faz de tais recursos. Usa-se as redes sociais para
divulgação de boatos, correntes, simpatias, mandingas e todo tipo de futilidade,
numa demonstração de imaturidade que beira à imbecilidade.
Em
uma república, os cidadãos devem ser ativos e participantes da política, não se
deixando tornar dependentes e estando dispostos a lutar pela defesa do bem
público.
O
mesmo não ocorre no liberalismo, ideia que cada vez mais se assimila nos nossos
dias e a partir da qual, o estado Democrático de Direito se impõe,
privilegiando a legalidade em detrimento da legitimidade. O direito do
indivíduo se sobrepõe ao da sociedade. Observemos que nem sempre o que é legal
é também legítimo.
Há
que se pensar então, se queremos viver em uma república, em uma democracia
liberal, ou sob outro sistema de governo e administração.
- Queremos cidadãos ativos, capazes de defender seu patrimônio particular e ainda, de lutar em grupo pelo bem comum, ou queremos cidadãos dependentes do sistema legal, que tenta (raramente consegue) proteger o direito individual, mas gera um indivíduo tão competitivo, que inviabiliza a vida em sociedade?
- Queremos (monarquia – ditadura militar) um ditador que nos oprima, mas nos proteja até de nós mesmos?
- Ou queremos (liberalismo regido
pela economia de mercado) um governo que não nos
constrange, mas que nos suga até a última gota de sangue e suor?
- Ou ainda, podemos e queremos nos auto-governar, (neoliberalismo – estado mínimo) deixando ao Estado apenas as funções essenciais ao bom cuidado da coisa essencialmente pública?
Diante disso, que tipo de governo nós
queremos?
Observemos
que a sociedade está em mudança, em transformação constante e especialmente,
nos últimos tempos, temos visto inúmeras ações individuais e até coletivas, as
quais apontam para uma insatisfação generalizada, não apenas com os partidos,
com os governantes e políticos em geral, mas com o próprio sistema.
Muitos
cidadãos estão agindo de forma não prevista pelas convenções sociais, tanto em
atos ilícitos em si, quanto em reações a esses ilícitos. Isso pode apontar para
a necessidade de atualização do sistema, que já não atende às demandas.
Assim
como dito por Rousseau, o estado natural do homem chegou a um ponto de não
poder mais se sustentar, precisando ser substituído pelo estado civil, também
as formas de administração do estado civil, de certa forma “caducam”.
Há que se
renovar. A evolução humana requer revolução social.
Estamos em meio a uma
revolução social. Isso requer, como podemos aprender com as revoluções do
passado, ações pontuais e contundentes, planejadas e muito bem estudadas.
Há
que se preparar para isso.
E não há outra forma de se preparar para a mudança, senão através do conhecimento.
Boa noite amigo, todo dia temos uma nova conquista pela frente e devemos estar preparados.
ResponderExcluirParabéns pelo sábio texto, um abraço May.
Aqui, Ir:.,você se superou.Um agradecido abraço por nós proporcionar um texto como este.
ResponderExcluirCirúrgico! Parabéns!
ResponderExcluir