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Vão-se os dedos, fica o anel.

O provérbio correto seria o contrário, ou seja: vão-se os anéis, ficam os dedos, demonstrando que o bem material não se sobrepõe ao valor da vida e da integridade da pessoa.
Não é o que ocorre na administração do anel rodoviário de Belo Horizonte, onde, mais uma vez, uma vida foi perdida por pura ineficácia dos órgãos responsáveis pela administração da cidade e daquela via.
Há anos as mortes se sucedem ali, já que a cidade cresceu, o trânsito aumentou e continuamos sendo obrigados a conviver com a passagem de veículos pesados pelo perímetro urbano da capital.
Agora, logo depois do último acidente, com uma carreta de 23 toneladas perdendo o controle em uma descida de 8 Km, atravessando área muito movimentada, com trânsito local de todo tipo de veículos pequenos, motocicletas, ônibus, bicicletas e carroças e pedestres, os especialistas são mais uma vez entrevistados e emitem as mais diversas e controvertidas opiniões.
Eu não sou especialista em trânsito, mas posso utilizar um exemplo prático que certamente será útil para ilustrar minha opinião: em Governador Valadares, cidade do interior do Estado, existiu por muito tempo algo parecido: os veículos que iam de Belo Horizonte em direção à BR 116 tinham que atravessar, logo na entrada da cidade, um bairro muito movimentado até alcançar o entroncamento. E o que foi feito? Foi feito um desvio para aqueles que não precisarem passar pelo perímetro urbano, possam seguir sem influenciar no trânsito local. Acabou o trânsito de caminhões, diminuiu o incômodo dos moradores e os acidentes caíram. 
Mas aqui na capital, todas as vezes que acontece um acidente, logo surgem os especialistas, os políticos e todo tipo de oportunista, para fazer sua cena. A coisa esfria em algumas semanas e tudo volta à patética normalidade, até que um caminhoneiro menos informado perca os freios na descida do Betânia e saia empurrando dezenas de carros pequenos e ceifando mais algumas vidas.

O rodoanel há muito prometido, que desviaria o trânsito pesado para fora da cidade, só é mesmo lembrado em véspera de eleições. Nesses momentos, muitos candidatos prometem se empenhar em sua construção. 
O máximo que se tem feito é a colocação de radares de velocidade (indústria de multas sem retorno), obrigando os motoristas a manter 60 Km/h, como se isso resolvesse o problema. A responsabilidade é jogada para os usuários da via. Mas, pensando bem, a culpa é nossa mesmo, já que não sabemos escolher administradores competentes.

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