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Palmadas sim, palhaçada não.

     Desde 2010 ouvimos, cada dia mais estupefatos, as ridículas especulações por parte de indivíduos mais que oportunistas, acerca do bizonho projeto de lei antes conhecido como "lei da palmada" e que agora já uns querem rebatizar com o nome de uma criança mortalmente vitimada pelos pais, mas em um contexto completamente distinto aos que o referido projeto pretensamente atingiria.
     O caso Bernardo, assim como o caso Nardoni e outros similares, de forma alguma podem servir de mote para que os doentes eleitos para legislar neste país, que a cada dia mais reforçam a triste constatação de Charles de Gaulle, se atrevam a propor leis as quais nunca serão levadas a sério.
     O projeto 7672/2010, assim como grande maioria da legislação brasileira recente, não passa de uma cartada de marketing, visando a promoção de uns poucos à custa da decepção da grande maioria, que não sentirá efeito algum, já que seu texto é tão subjetivo quanto possível. Não se vê uma proposta séria, aplicável ou útil. Não se fala das alternativas de forma clara, até mesmo porque sabemos que elas não existem. Na melhor das hipóteses, poderão vir a existir em um futuro ideal.
     Se compararmos o que se propõe para a educação das crianças e adolescentes, com o que se aplica atualmente no Brasil aos adultos que não se encaixam aos comportamentos esperados pela sociedade, já temos as contradições suficientes para não levar a sério o projeto. Quer dizer que os pais não podem mas o Estado pode? 
     O Estado prende, espanca, maltrata, humilha, desrespeita, mas, proíbe o cidadão de fazer o mesmo. O Estado se omite, protela, procrastina, mas, promete punir os profissionais que não denunciarem o cidadão que, em ação de natureza disciplinar ou punitiva assuma conduta que cause dor ou lesão, humilhe, ameace gravemente e ridicularize criança ou adolescente.
     Até que se estabeleçam os conceitos e as lacunas da pífia proposta, os adolescentes continuarão portando armas e se exibindo nas redes sociais, assaltando, matando, enquanto os pais, professores e demais responsáveis pela sua educação estarão se submetendo aos treinamentos e reciclagens que provavelmente serão escritos por Xuxa, Pelé, Ronaldo e alguns pastores e palhaços analfabetos ou representantes de classe sem a menor vocação para legislador, colocado ali pela mera ignorância do povo.
     Assim como a maior parte da legislação brasileira, também essa ridícula proposta é mais uma forma de se empurrar a sujeira pra debaixo do tapete, mantendo o clima de medo e insegurança. Os pais que já não corrigem adequadamente seus filhos, vão agora usar o argumento de que a Lei os proíbe de fazê-lo. Os que corrigem vão continuar corrigindo e que o façam com firmeza e fé num futuro melhor, pois o Estado e os governos brasileiros são formados hoje por filhos de uma geração de pais fracos e mães ausentes, ao ponto de gastarem tempo e recursos na proposição de algo tão inútil.

3 comentários:

  1. Certamente, o maior erro dos legisladores é tomar como referência, única e exclusivamente, as opiniões de pessoas que no passado sofreram algum tipo de admoestação exagerada. Essas pessoas, em maioria, são traumatizadas e carregam em seu caráter uma cicatriz ainda não curada. Assim, tendem ao rancor e ao revanchismo e hipertrofiam alguns aspectos da legislação que causam mais danos do que benesses. Lógico que os maus tratos devem ser coibidos e evitados, para tanto há legislação para isso: lesão corporal (em vários níveis), tortura (fisica e emocional), vias de fato, etc. O problema do Brasil é outro: ineficiência na aplicação das leis, que gera sensação de impunidade. Não sou um defensor dos castigos corporais, mas um tapinha de vez em quando não faz mal algum.

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  2. Triste!
    Apenas e tão somente triste!

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  3. Eu e meus irmãos somos testemunhas vivas que existe muito além da palmadinha que se chama limite e educação.
    Não se engane, essa educação é aquela que os pais ensinam e não a escola. Somos do tempo que meu pai não precisava chamar a nossa atenção quando aprontávamos, bastava um olhar que sabiamente a gente parava e pensava, pois sabia que se continuássemos seriamos seriamente corrigidos.
    O claro aqui é que, sempre fomos corrigidos, mas nunca espancados. Nunca com uma "palmadinha", mas sempre com um cinto, ou mangueira, ou o que estivesse mais perto na hora que aprontamos.
    Anos e anos se passaram e vejo que eu e meus irmãos eramos muitos sapecas. A gente aprontava muito, despedimos varias empregadas e minha vó coitada sofria muito quando estávamos reunidos. No entanto, aquelas surras nos moldou, hoje vejo pelo filhos de parentes que na nossa época apanhávamos muito, nem por isso tenho ódio de meus pais. Pelo contrario, graças a eles não tivemos chance de aprontar coisas piores fora de casa.
    A questão aqui, é que existem crianças que precisam mais de conversa, mas meu irmão, tem criança que não entende. Não sou favor a espancar, que fique claro, mas tem criança que realmente precisa de um coro, eu e meus irmão fomos assim, e graças a meus pais somos bastante unidos.
    Apanhamos unidos muitas vezes, choramos e ate rimos quando entregamos apenas o meu irmão mais velho, só que meu pai viu e acabou que os 3 apanharam do mesmo jeito...kkkk
    É assim, existe crianças e crianças, algumas vão entender a correção, outras só no coro (que fique claro que não é espancamento - tudo em exagero é errado)

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