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Evoluindo rumo à barbárie.


    
A cada dia fica mais claro que quanto mais nos orgulhamos da capacidade humana em criar recursos tecnológicos para seu conforto e proteção, mais podemos nos envergonhar de que essa mesma humanidade mantém os dois pés na barbárie, precisando apenas de uma pequena brecha, alimentada pelos mesmos recursos, para que e a animalidade, a ausência de razão, a crueldade não observada nos demais animais terrestres, se manifeste como lava expelida por um vulcão.
Independente de ser ou não aquela mulher do Guarujá (quem aí se lembra do caso?), responsável por qualquer ação criminosa, ela foi apedrejada, espancada e arrastada pela rua como nos primórdios da civilização. E pior. Não houve quem a tenha acusado ante a turba justiceira enlouquecida. Em um vídeo postado na Internet, ouve-se uma voz perguntar: tem certeza irmão, que é ela? É ela sim, responde outro. Vou pegar a foto.
Um “retrato falado” e um boato divulgado em uma página na Internet. Isso foi o suficiente para que a linchassem em via pública, em meio a crianças, sem um julgamento sequer.
Não houve criança sequestrada que se pudesse atribuir a ela alguma participação. Nenhum ritual de magia foi testemunhado ou corpo de criança encontrado. Em 05 de maio de 2014 Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, uma pessoa comum, com seus problemas como todos nós, foi apedrejada em praça pública, sem que houvesse o menor indício de que algum crime houvesse sido por ela praticado. Apenas boatos e um retrato falado divulgados pela internet. seis meses depois, o caso já não era mais lembrado. Os justiceiros dormem o sono dos justos.
Nada houve de concreto nessa história além da truculenta morte provocada pelas mãos de quem? Ninguém foi responsabilizado. O tempo passou e o caso foi esquecido.
Nada provaram no caso da suposta morte da Elisa Samúdio, mas os justiceiros (inclusive "jornalistas") fazem campanha para impedir a progressão de regime e o retorno à sociedade de Bruno Fernandes.
Nada provaram de crime no caso de Dilma Roussef, mas os justiceiros armaram um circo sem precedentes e a expulsaram do palácio do planalto.
Nada há de concreto contra Lula, mas continuam a investir na tentativa de desestruturação de sua imagem.
Por outro lado, os ladrões de milhões e milhões da Petrobras, de Furnas, da JBS, com tudo provado e comprovado, delatam seus cúmplices, prometem devolver uma ínfima parte da fortuna surrupiada dos cofres públicos e fica por isso mesmo. Saem por cima, como heróis. Nenhum justiceiro aparece para linchar, para queimar ônibus, fechar rodovia, nada. Excetuem-se os oportunistas de plantão, que já apresentam “pedidos de impeachment”, sem calcular o que virá no dia seguinte.
Estamos a passos largos evoluindo rumo à barbárie. E estamos usando para isso, as ferramentas que simbolizam a evolução. E a evolução tecnológica não nos impede de agirmos como se não tivéssemos evoluído, como se ainda estivéssemos na infância da humanidade, ou antes mesmo de experimentar qualquer influência da civilização. Será essa a natureza humana da qual jamais fugiremos, por mais que evoluamos?
Somos justiceiros improvisados de momento, quando é contra um fraco, indefeso, já abatido, ou covardes amedrontados incapazes de agir quando é contra bandido de verdade?
Não. Dirão alguns. Estamos mobilizando as redes sociais virtuais para conclamar todos para desligar suas tvs e apagar as luzes na hora do pronunciamento. Também estamos propondo um grande panelaço, apitaço, e faremos também um curtidaço e compartilhaço no “face”, um tuitaço...

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