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Sem as mulheres de ontem, teremos um mundo amanhã?

08 de Março  -  dia internacional da mulher sem rosto

O que dizer em um momento no qual o feminino, assim como o masculino e outros conceitos fundamentais, que antes chegaram a ser percebidos como bem definidos, que já foram senso comum, nos nossos dias estão em decadência e sem substituto?

Nossos conceitos e valores estão desfigurados, a ponto de a mulher não conseguir mais reconhecer seu papel na sociedade.

Observamos atualmente, meninas, que se fossem expostas apenas à força da Natureza, via de regra tomariam rumo a uma sexualidade saudável, mas, por estarem sendo submetidas a um discurso que desvaloriza o natural e investe no poder da manipulação da imagem, do "parecer ter",  vivenciam uma experiência de desinvestimento libidinal. Elas precisam ser iguais aos meninos, para não serem taxadas de machistas, para não parecerem inferiores.

Elas não buscam SER, mas insistem em "parecer ter". Assim, se iludem e iludem  a quem desejam agradar. Investem em uma imagem que não permanece e não se sustenta, em relacionamentos superficiais, como se a vida fosse um único dia.

Isso reflete uma realidade que não é só da mulher de hoje, mas, da sociedade atual como um todo. O mundo está vivendo assim, os homens estão vivendo assim e as mulheres também estão vivendo assim.

Subjaz a esse comportamento o que a professora Camille Paglia nos apresenta como um feminismo que ilude as mulheres, empurrando-as a se posicionarem contra os homens, em disputa constante, ao ponto de se tornarem cada vez menos femininas, já que a luta por igualdade tomou proporções absurdas, fora de controle.
Isso é preocupante, pois nós sabemos que se não nos prepararmos para o futuro, certamente teremos problemas. 

Vale lembrar a fábula da formiga e a cigarra. Aquela que usou seu tempo focada em seu próprio prazer, sem se precaver e se preparar para o porvir, passará por sérios problemas quando a inevitável  e salutar alternância de condições da vida trouxer o inverno.

Leonardo Boff publicou um texto com o título "no princípio era o feminino". Ele traz informações que permitem afirmar que a origem da humanidade e da própria vida na Terra, se deu a partir de algo feminino. Isso lança por terra todo o discurso das civilizações que construíram nosso mundo, baseadas que foram e são, em sua expressiva maioria, em um modelo patriarcal de dominação, manipulação e controle.

Não vejo importância em definir se o feminino precedeu o masculino, nem em provar que todo o discurso civilizador sempre foi equivocado. Não vejo lucro em desmoralizar as teogonias e as teologias por suas incoerências. Já temos muitos desconstrutores de mitos.

Quero chamar a atenção de quem nos ouve, para o perigo de uma sociedade que foi forjada a partir daquela concepção de seres humanos que convivem, evoluem e se mantêm presentes no planeta, a partir da existência de seres sexuados, que se reproduzem e se preservam e que vem abandonando sistematicamente esses conceitos, deixando em seu lugar um vácuo conceitual que permite tudo.

Se abandonarmos (como parece que estamos abandonando) os antigos conceitos de família, comunidade, sociedade, pais, filhos, homem e mulher, em pouco tempo a espécie humana poderá entrar em extinção.

E a mulher sempre teve e terá papel fundamental na manutenção da vida. O feminino, como podemos observar em outras espécies, é que garante, não só a possibilidade da reprodução, mas é dotado exclusivamente, de capacidades inerentes à preservação de sua espécie. O masculino, pelo contrário, tende a destruir seus iguais, em busca da diminuição da concorrência. Mulheres não fazem guerras.

Pois a mulher, seja como representante simbólico da origem, como quer Boff, seja como símbolo do cuidado com a preservação, deve receber de nós todos, atenção especial, nesses tempos de mudança, em que tudo pode se perder por mera inobservância do óbvio.

Pois me atrevo a desafiar as mulheres às quais minhas palavras chegarem: 

Mulheres.... façam o que vieram ao mundo para fazer e o mundo será melhor. Sejam "apenas" mulheres. Isso já é o bastante para que a humanidade sobreviva a si mesma.

3 comentários:

  1. Sugiro a leitura de http://pontesdeapoio.blogspot.com/2017/08/sexualidade-masculina.html. OS dois textos se complementam.

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  2. Maravilhoso texto! Parabéns

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