É perfeito o dito popular "quem nunca comeu melado, quando o come se lambuza", algo assim. A fome mata tanto quanto o excesso de comida. Da mesma forma, o excesso de liberdade pode ser prejudicial ao homem. Parece contraditório e talvez o seja, mas, não deixa de ser fato.
Vejamos
nossa situação. Nós, brasileiros das gerações em curso, estamos nos lambuzando
no melado da liberdade sem limites. E isso pode ser muito, muito perigoso, já
que há em jogo interesses distantes dos anseios populares. Há quem esteja
disposto a tocar fogo em tudo se não estiver levando vantagem.
Exemplos
disso podem ser vistos não só na política, onde é bem clara a intenção de
pessoas sem o menor escrúpulo, que não estão nem um pouco
preocupados com a situação do país, mas agem abertamente no sentido de
dificultar mais ainda a situação do governo federal, que já não é boa. Esses, acostumados com o "melado" desde criança, sabem
bem como não se lambuzar. Pelo menos, sabem como fazer com que as pessoas não
percebam a gravidade de seus erros. Apontam firmemente os erros do outro.
Gritam, xingam, batem, "cheios de moral"...
O
problema é que, diante da situação complicada em que se meteu o governo de
origem popular, sem experiência com o melado e infestado de ladrões, o que
esses oportunistas dizem é facilmente aceito como irrefutável verdade.
O
povo, que nunca gostou de pensar, deixa que eles pensem em seu lugar e,
entorpecido pela ilusão de uma liberdade sem limites permitida pela falta de
conceitos vigente, assina cheque em branco ao portador, já que não conhece a
verdadeira intenção dos que convocam os panelaços e as manifestações. Se sente
livre por poder gritar nos espaços sociais midiáticos, sem mostrar a cara. E
grita, xinga, abusa do direito à voz, tão duramente conquistado pela geração
anterior.
Da
mesma forma, a falta de conceitos claros gera suposições de direitos que
engessam a sociedade, mostrando o quanto somos egoístas. Uma verdadeira guerra
se estabeleceu a partir do sucesso alcançado por motoristas que utilizam o sistema
Uber de prestação de serviço de transporte de passageiros.
Tínhamos
um serviço de táxi antiquado, despreocupado com o usuário e ridiculamente
regulamentado como hereditário. A alternativa moderna e mais barata foi
imediatamente assimilada pelos usuários, o que causou reações violentas e
desonestas. Pouco importa o que o passageiro quer. Os taxistas retrógrados,
gritam, xingam, batem, cheios de direitos, os quais nem cogitam compartilhar.
Entre
outras acusações contra os concorrentes, os taxistas alegam que o serviço não é
seguro, o que não corresponde necessariamente à verdade. A diferença está mesmo
onde?
O
que há de semelhante entre os taxistas brasileiros e as oposições
institucionalizadas ao governo? Ambos querem a qualquer custo a hegemonia. Mais
que isso, querem o poder de explorar com exclusividade. Querem voltar ao poder,
sem se importar com o desejo dos clientes. Se vão transportar e governar
pessoas ou pacotes de carne, pouco importa. Importa sim, destruir a
concorrência, a qualquer custo. Assim agimos todos nós, taxistas, políticos,
passageiros, eleitores, brasileiros.
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