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De improviso em improviso.

     Nada pode ser levado a sério neste país. Nem as leis, nem os homens que as fazem. A palavra de um homem nunca teve tão pouco valor como se vê na administração pública brasileira.
     Houve tempos de quintais, quando a palavra dada valia mais que a própria vida. Desonra seria ter que assumir o não poder cumprir com o combinado. Mas coisas mudaram. Não se valoriza mais o que foi dito, nem mesmo o que foi escrito e assinado. As leis são criadas conforme interesses de grupos dominantes, não do interesse da maioria, como deveria se esperar de um regime democrático, que tanto nos vangloriamos de viver.
     As coisas todas giram ao redor de circunstâncias altamente voláteis. Não se pode afirmar que o que valia ontem ainda esteja em vigor amanhã. Da mesma forma, os compromissos não são cumpridos, como se isso fosse coisa normal.
     Isso tudo se dá pelo fato de vivermos em uma sociedade de valores deturpados, onde governos substituem governos, mas não há um projeto sequer, não há programação. As coisas acontecem por improvisos e improvisos. Vivemos arriscando vidas pra ver no que dá. Se der, deu. Se não der, paciência.
     Assim é na política, assim é no futebol. Da mesma forma desorganizada, improvisando e experimentando, apostando em heróis e idiotas dispostos a se expor à sorte. Assim se constroem nossos objetivos, nossos projetos, nossos sonhos, a toque de caixa, sem previsão, sem inteligência. O resultado é um país de mentiras, cheio de bacharéis analfabetos funcionais, representados por palhaços analfabetos e líderes religiosos extremistas. Nossa seleção de futebol é montada na última hora e os atletas são estrelinhas tatuadas e com cabelos estranhos, escolhidas pelos patrocinadores, sem respeito à meritocracia.
     Não havia como ser diferente. Os resultados aí estão. Não bastasse o vexame inexplicável no futebol, temos que engolir a violência típica da carência de educação e os acidentes próprios da má formação profissional e da pressa para dar conta dos prazos, sempre vencidos.
     Para chancelar a tragédia, os responsáveis declaram calmamente que isso é assim mesmo. Quando não há previsão de punição, assumem a responsabilidade e dizem que tudo é válido para aprendizagem, mas quando há, apenas culpam a fatalidade, dizem que acidentes acontecem.


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