O que estamos
presenciando nos últimos dias pode ser visto pela grande maioria como apenas
resultado de insatisfação de uns ou de outros, que resolveram repentinamente
tomar uma atitude. Não. Não podemos ser tão ingênuos.
É óbvio que o
que vivemos é a aproximação à instabilidade jurídica, o caos social, a barbárie
restaurada a níveis inimagináveis até então.
As pessoas
estão simplesmente dando espaço aos instintos animalescos até então escondidos
sabe-se lá onde em suas mentes cauterizadas pela civilização. Eis que algo se
quebrou. Perdeu-se o respeito pelas leis e o medo da punição, até pelo fato de
que as leis são tão flexíveis que não se sabe mesmo o que cada caso de
aplicação da mesma norma poderá trazer de novidade.
Confirmando as
piores profecias bíblicas, pais estão matando filhos e filhos matando pais,
irmãos a irmãos, sem que se consiga vislumbrar uma explicação mínima para tais
atos de injustificável selvageria. Mata-se por matar. Toma-se o que é alheio
sem o menor constrangimento, sem culpa.
Do ponto de
vista da Psicanálise freudiana, talvez seja possível explicar essa tendência à
fuga da normatização como uma reação apropriada, se observado o ser humano em
sua essência, narcisista que é, cada dia mais mergulhado na busca infinita do
prazer da exaltação da própria imagem, em detrimento do outro, com o qual não
se identifica mais.
Mas, por mais que seja doloroso, é em sociedade que
vivemos. E é por isso que precisamos nos ocupar na busca por uma solução para o
impasse entre a necessidade pulsante de sobrevivência do indivíduo como tal, ou
do grupo social de indivíduos. Embora ambos se sustentem e sejam essenciais
para a sobrevivência mútua, é negando tal dependência que vivem hoje, indivíduo e
grupo, negando até o ar um ao outro, sufocando-se mutuamente, continuamente.
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