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Quem somos em verdade?

Uma pergunta me persegue desde que resolvi me entender por gente. Começa pela dúvida sobre o que é ser gente e parece não ter fim, quando a gente se aprofunda na busca da verdade sobre a própria existência.
Verdade é o que menos encontramos em nós e em nosso modo de viver, embora seja um valor tido como apreciável entre os amantes da virtude. Mas, isso é pouco se considerarmos que poucos são os defensores das virtudes, ante os milhões que publicamente preferem os vícios. Isso também não é coisa tão espantosa. Se formos sinceros, nos veremos obrigados a admitir que as virtudes perdem para os vícios, se comparado o potencial de ambos em produzir prazer. E prazer é o que o mundo quer. Prazer é o ideal do nosso tempo, quiçá de todos os tempos.
Assim, como nossos antepassados de todos os tempos, vivemos em um mundo de mentiras, um mundo falseado para que se torne suportável. Basta observar ao nosso redor, nas nossas crenças, na formação do nosso caráter. O que há de verdadeiro em tudo isso?
A começar pelas nossas origens. De tudo o que nos ensinam desde a mais tenra infância, o que pode ser comprovado mais tarde, nos leva à decepção. Nossos pais mentiram para nós e nos ensinaram a mentir para os nossos filhos. Talvez isso explique a nossa incapacidade de produzir uma sociedade justa e perfeita. Fomos forjados sob mitos, sob estórias cheias de fantasias até bonitas, mas insustentáveis a uma analise séria, a uma avaliação madura e responsável.
Nossos deuses são substituídos à medida em que perdem sua utilidade. Cada substituição nos custa uma decepção, um trauma. Somos forçados a eleger novos deuses em um panteão limitado e dominado por interesses de uma época.
As virtudes e os vícios se alternam de tempos em tempos na função de dirigir nossas intenções e ações. Assim, atualmente é muito comum as pessoas mais jovens agirem de modo que os remanescentes de gerações anteriores reprovam veementemente.
Não desejamos ser bons, educados, gentis e solidários. Apenas nos sujeitamos a assim agir, como forma de evitar a rejeição pelo sistema. Na verdade é uma espécie de covardia apoiada na necessidade de sobrevivência, mas jamais qualquer manifestação de amor pelo outro.
Amor mesmo, é um conceito bastante controverso, já que nunca amamos o que nos desagrada, ou seja, só amamos mesmo o espelho, que reflete o que queremos ver. O diferente de nós, tememos, odiamos, afastamos, matamos. Leia os jornais. Assista os noticiários na TV. Como é possível se falar em amor em meio a tanta violência, a tanto egoísmo?
A verdade como conceito foi relativizada de tal forma, que tem ficado cada dia mais difícil distingui-la entre as imagens dela criadas pela civilização, na busca louca de se sustentar a qualquer preço. Precisamos mais que ser humanos, ser civilizados. Não importa o outro, mas o todo, onde todos se escondem e fingem ser o que parece ser mais seguro para a manutenção do todo.

Sim, a humanidade se rendeu à civilização. O homem se perdeu em civilizar-se. O que há de verdadeiro em nossas intenções? Seja honesto o que arriscar responder. E não seja afoito em repetir o que ouviu ser repetido pelos meios de massificação, mas pare e pense sobre si e sobre o resto do mundo. Olhe o mundo e se olhe. Agora construa sua própria resposta, suprimindo o discurso falseante e ilusório ditado pela cultura na qual e pela qual foi lapidado. O que há que não seja imposto por interesses da civilização? O que há de verdadeiro em nós?
Se fossemos cristãos ao ponto de crer que somente a verdade nos libertará, estaríamos inevitavelmente condenados à prisão perpétua, nas masmorras da ignorância e do erro, pois, da verdade, preferimos passar ao largo.

4 comentários:

  1. Penso que as vezes, até "amamos o que nos desagrada", mas isso tem um preço alto, tão alto, que raros estão dispostos a pagá-lo; e talvez por isso, nem apareça nas estatísticas.
    Mas, voltando à verdade sobre o ser humano.... Essa questão acompanha a espécie, e pelo visto, assim será pelos próximos milhares de anos, se ela sobreviver à sua própria exterminação. O texto, traz implícito, algo "verdadeiro" sobre os humanos: eles são angustiados. A angústia seria uma verdade sobre o ser humano? Há quem defenda essa ideia! Ou, seria privilégio de quem se joga na escuridão da vida, em busca de uma centelha de luz? Bem, acho que Descartes tinha razão! Somos mesmo é um ser de dúvidas!

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  2. Prezado,
    o mundo jaz no maligno e sofremos tal efeito.
    Somos conduzidos a agir segundo tais normas até mesmo sem querer.
    Paulo (o apóstolo, seu conhecido) dizia que o bem que queria não conseguia fazer, mas o mal que não queria acabava por fazer.
    A verdade, só em Deus. E ela o libertará.
    Ela está em nós, assim como a essência de Deus está em nós, dado que somos imagem e semelhança do Criador.
    Creio que temos suficiente orientação na Bíblia para lidar com a situação retratada. Sem passionalismos religiosos, senão com o próprio Deus, seus filhos e suas criaturas.
    Há salvação, sim, em Jesus. E Deus, amigo, é único, insubstituível e indispensável.

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  3. Prezado Renato Cardoso,
    Se a verdade é, existe ou está ligado à fé; como seria o mundo do que não crê? Não haveria verdade em sua existência?
    Não seria a religião e/ou religiosidades, criada pelos humanos, justamente para lhe dar uma resposta a essas questões existenciais das quais o Weverton fala?
    Colocar a Verdade humana como "patrimônio religioso" é um perigo, assim penso!

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  4. "...e respondeu Jesus:_ por que me chamais bom ?!! Só o Pai é bom". (Ir:. Gil).

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