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Miopia e demência.

     Uma espécie de miopia acomete os responsáveis pela execução e fiscalização da execução do serviço público. Falta aos administradores, mas falta também aos cidadãos como tal. A visão de curto alcance demonstrada por todos nós nas ações do dia-a-dia não deixa espaço para outra qualificação do nosso povo.
     Sofremos também de uns esquecimentos, uns lapsos de memória, uns verdadeiros apagões, inexplicáveis, mas que geram prejuízos enormes a nós mesmos, à sociedade que formamos. Isso é facilmente perceptível, nessas mesmas ações, que invariavelmente resultam em prejuízo próprio. Parece uma auto-sabotagem coletiva. É como se estivéssemos todos dispostos a sempre escolher o que todos podem ver que será a pior escolha. mas é assim que temos feito. Todos nós.
     Vamos explicar isso. Observemos nossos administradores, servidores públicos, parlamentares, pessoas que ocupam alguma posição pela qual detenha poder. Inclua-se os líderes religiosos e de classe, juízes, comunicadores, etc.etc. Não creio que seria muito esperar que essas pessoas chegassem a tais posições por demonstrarem publicamente a capacidade executar as tarefas inerentes de forma que beneficiassem o grupo por elas representado. Mas o que vemos é, na maioria das vezes, o contrário. A miopia se manifesta e eles não conseguem projetar o próprio sucesso em um futuro coroado pelo bom trabalho, então, buscam o enriquecimento ilícito como forma de se premiarem a si mesmos o quanto antes.
     Por outro lado, os cidadãos, que chancelam os atos dos administradores, elegendo-os, mantendo-os e reconduzindo-os como se fossem os melhores do mercado, demonstram um estado de demência, um esquecimento de como se faz a coisa certa. Agimos como crianças pequenas, que não aprenderam ainda a escolher entre o bom e o ruim. Agimos em desfavor de nós mesmos. Empoderamos alguns e nos submetemos a eles de uma forma louca, perniciosa, suicida.
     Os últimos tempos, com suas atrocidades, com a falência dos princípios morais, com a derrocada das bases éticas da sociedade como a religião, a escola, a família, apontam para um futuro de incertezas e de muita dor. 
Não se pode esperar que as coisas se resolvam e entrem no eixo por si só, considerando o nível de corrupção ao qual chegamos. Nossa sociedade vai precisar refazer o caminho desde o começo.
     Como crianças, precisaremos passar pelas experiências de crescimento, que inevitavelmente causam muita dor. Mas não há outro caminho. Nossos olhos e nossa mente já não são passíveis de cura.

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